Por que os meus contextos não são longos
Num desses dias da semana passada encontrei com um amigo mais próximo, leitor da minha coluna publicada no jornal Folha Democrática. Já no final de nossa conversa surpreendeu-me perguntando sobre o real motivo de os contextos de meus trabalhos escritos serem, na sua visão, quase sempre curtos, acrescentando que poderiam ser mais abrangentes.
Então, com tranqüilidade, expliquei-lhe que isso ocorre devido ao resultado da grande prática adquirida durante o período de trinta e cinco anos como redator da extinta estatal TELERJ, onde eu escrevia especificamente sobre assuntos administrativos e comerciais. Esclareci que a natureza do serviço exigia textos objetivos, claros e sucintos, sem, no entanto, deixar-se de observar a necessária utilização das normas resultantes da nomenclatura portuguesa. Enfatizei, como exemplo, a existência do antigo ditado “O hábito faz o monge”, que neste caso não se justifica, mas explica. Assim terminou o nosso diálogo e nos despedimos.
Na realidade, acontece ainda a observância de um fato notório que consiste em não ser enfadonho para o leitor, o qual se sentirá satisfeito ao entender com desenvoltura o que rapidamente, acabara de ler. A aplicação de textos exageradamente grandes, a meu ver, só não pode ser evitada quando o trabalho escrito se refere a um conto, um enredo histórico e outros.
Acresce o fato de que nós, escritores, no interesse de demonstrar o grau de conhecimento e intelectualidade empregamos, por vezes, terminologias eruditas e nos estendemos desnecessariamente, saturando aquele que estiver lendo. Esta é uma prática que procuro não empreender.