Diálogo como o amor
Numa pequena cidade chamada Esperança, localizada nas instâncias longínquas do coração, todos estavam ansiosos e com muita expectativa com a palestra que iria se realizar em homenagem a todos os namorados da região. Os boatos eram de que o palestrante vinha de muito longe, para realizar uma conferência para todos os namorados da pequena cidade.
Chegando ao local, todos podiam observar que os primeiros lugares estavam reservados, e que na última fila havia uma linda cadeira, toda revestida de veludo vermelho, também reservada. O clima de suspense pairava no ar, no grande auditório, todos pareciam muito felizes, os rapazes com gestos corteses as suas namoradas, um clima romântico tomava conta do lugar, meticulosamente decorado com rosas brancas e vermelhas, um suave aroma de sândalo perfumava o ambiente, conferindo a magia do momento.
De repente as cortinas do auditório se abrem, saindo de trás um velho senhor de cabelos brancos, sua aparência denotava uma pessoa muito sabia, sua figura era simpática e causou de imediato a empatia de todo público ali presente. O misterioso palestrante apresentou-se ao público revelando sua identidade, seu nome era Amor, estava ali para falar de relacionamentos humanos.
Amor convidou a todos que levantassem para receber seus discípulos, era para eles as primeiras cadeiras, todos de pé aplaudiam a chegada dos sentimentos. O primeiro a entrar foi a Sabedoria, depois em passos largos entrou a Paciência, em seguida a Dedicação, cheio de pompa atravessou o ambiente a Coragem, discretamente a Humildade tomou seu lugar e por fim elegantemente chegou o Perdão.
Amor iniciou a conferência dizendo a todos que naquele momento seria revelado o segredo da felicidade nos relacionamentos humanos, os convidados de honra fariam as suas apresentações e considerações nos caminhos a serem percorridos na busca da tal felicidade. Amor revelou aos presentes que os caminhos do coração humano não conhecem outros rumos senão os da sinceridade, que o verdadeiro elo que une um casal aponta sempre para os horizontes da esperança.
A sabedoria apresentou-se a todos como sendo o barco que conduz nos momentos de dificuldade, ela aponta sempre os melhores caminhos, aconselha sempre no bem, no entanto é preciso silenciar tudo a volta para poder ouvi-la, seus recados são sutis, a sabedoria fala a alma e não aos impulsos.
Em seguida a Paciência lembrou a todos, que nela os casais encontrarão um antídoto infalível contra as desarmonias. A paciência é a conselheira do coração, ela não permite que sejamos guiados pela raiva, filha da malvada intolerância.
A dedicação iniciou seu discurso ressaltando que só está presente onde há amor verdadeiro, ela é autentica, não pode ser forjada, impossível um relacionamento verdadeiro sem extrema dedicação. A dedicação busca suas forças com a velha e nobre conselheira chamada generosidade.
Com ânimo a Coragem sacudiu o auditório com seu vigor, convidou a todos a buscar nela as forças para a concretização do verdadeiro amor. Não poderá haver relacionamento saudável se ambos não tiverem coragem para superar os obstáculos, coragem para seguir adiante esperando a visita da recompensa. A recompensa é aquela carta destinada a todos os casais que não desistiram no primeiro problema, a todos os casais que permaneceram unidos no propósito do amor.
A humildade falou acerca de sua participação na felicidade entre os que se amam, é fundamental trazer a humildade para servir-se no banquete dos relacionamentos. A humildade é aquela que protege os casais contra o traiçoeiro e malfazejo orgulho. Através da humildade os que se amam, não tem medo de reconhecer seus erros, seus medos, ao invés disso, se fortalecem na ajuda mútua, a humildade é por fim, a terra fértil onde é semeado o companheirismo. Depois de alguns anos de relacionamento, o companheirismo será como a cadeira de balanço na varanda da vida, embalada pelas mãos generosas do tempo, então ali onde o tempo passa, os dois se bastam, bebem o cálice do seu amor.
O perdão enfaticamente falou a todos, não há possibilidade de atingir a maturidade amorosa sem mim! Eu serei para vocês a novena sem fim, às pedras dum incontável terço da alma. Somente aqueles que amarem de verdade poderão me alcançar. Serei o grito de libertação clamando no peito dos amantes, as portas para a renovação. O caminho por mim apontado é por vezes de difícil acesso, para chegar até mim é preciso recorrer aos meus intercessores: a coragem, a paciência, a sabedoria, a dedicação irão ser a bússola indicando os caminhos da felicidade.
O amor agradecia aos sentimentos, quando de repente foi interrompido por um jovem rapaz que o indagou: - mestre, a quem pertence à última cadeira? Pois vejo que a mesma permanece vazia! Então o Amor lhe respondeu:
- esta cadeira pertence ao medo, ele não pode vir, soube que se envolveu numa briga com a vaidade, ficou refém do ciúme, refugiou-se na casa da solidão, a última noticia que tenho é de que o medo morreu rendido nos braços da fé.
Assim, todos de pé aplaudiam as lições ali aprendidas.