MAIS UMA CPI

MAIS UMA CPI

Os políticos brasileiros são apaixonados e viciados em CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) irá propor uma dessas malfadadas comissões, com intuito de investigar na Amazônia, as políticas federais de fronteira, indigenista e fundiária. O senador já se movimenta para colher assinaturas para a instalação da CPI. Mozarildo ao discursar no senado disse que o presidente Lula tem razão quando diz que a Amazônia parece pia de água benta, em que todo o mundo põe a mão, protestou Mozarildo. Seu posicionamento no parlamento foi cáustico ao afirmar que há muita picaretagem na região, por parte de ONGS (organizações não-governamentais) desonestas, de compradores de floresta, de grupelhos brasileiros e estrangeiros com interesses escusos.

É preciso passar pente fino nas políticas da Amazônia para que ela continue brasileira. O presidente Lula tem razão quando diz que a Amazônia parece pia de água benta, em que todo o mundo põe a mão - protestou o senador. Mozarildo propôs uma mobilização nacional para estudar o que deve ser permitido fazer na Amazônia, sem esquecer o crucial aspecto da soberania, uma vez que o Brasil não possui contingentes da Polícia Federal ou do Exército em número suficiente para garanti-la. Ele disse que "está muito na moda" aproveitar-se de dados científicos, distorcendo-os ao bel prazer e culpar os amazônidas por todas as mazelas da região.

Recente a imprensa noticiou que um sueco era dono de várias extensões de terra na Amazônia brasileira, com esse detalhe a Polícia Federal (PF) e a Abin (Agência Brasileira de Investigação) investigam Johan Eliasch e várias ONGS por fraudes em terras públicas ricas em ouro e diamantes, biopirataria e lavagem de dinheiro. A notícia de que o sueco Johan Eliasch, criador da ONG Cool Earth, afirmara em uma reunião em Londres que apenas US$ 50 bilhões bastariam para comprar toda a Amazônia colocou o governo brasileiro em alerta. Isso porque a declaração de Eliasch não foi um mero arroubo imperialista. Além de anunciar publicamente que já comprou 160 mil hectares de terras nos municípios de Itacoatiara e Manicoré, no Amazonas, Eliasch vem estimulando outros empresários a fazer o mesmo.

O objetivo seria a "preservação da floresta" com iniciativas como a campanha de compra de créditos de carbono da Cool Earth, em que cada doador deve contribuir com 35 libras esterlinas para cada - 0,5 acre (0,20 hectares). Mas uma investigação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aponta indícios de fraude nos negócios de Eliasch. As terras que ele afirma ter - comprado não estão formalmente registradas nem em seu nome nem em nome da Cool Earth. Elas são terras públicas. Parte delas pertence ao Parque Estadual do Cristalino e parte à Força Aérea Brasileira (FAB). E, curiosamente, algumas áreas que Eliasch anuncia como suas estão em regiões ricas em ouro e diamante. E, segundo a Abin, Eliasch não seria o único a praticar tais irregularidades. A Agência repassou à Polícia Federal uma série de relatórios sobre atividades de várias ONGS que atuam na Amazônia e estariam agindo de forma suspeita.

Num documento mais volumoso, a Abin descreve a ação de 25 organizações estrangeiras. Em outros seis relatórios, detalha a ação daquelas com maiores indícios de suspeitas de irregularidade. Olha isso, é uma falta de respeito sem tamanho para com o povo brasileiro e os silvícolas que na realidade são os donos da terra, visto que quando os portugueses aqui atracaram os índios já estavam. Essas Ongs que trabalham na Amazônia são quadrilhas organizadas e estão de olho nas riquezas que a região dispõe. Inclusive vários produtos da região já foram surrupiados e patenteados lá fora, inclusive plantas que contribuem na cura de diversas doenças.

Não entendemos o porquê do governo brasileiro só se manifestar e querer tomar providências, quando a casa já está arrombada e engomada. O senador protestou contra os dados publicados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) segundo os quais Mato Grosso, com 70%, e Roraima, com 25%, aparecem como os dois estados que mais desmataram em abril de 2008 na região amazônica. Para Mozarildo, é preciso olhar com mais rigor esse dados, uma vez que a Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia (Femact) de Roraima afirma ser este o estado o mais preservado da região, com apenas 3% de desmatamento. Mozarildo disse, ainda, que a Femact garantiu haver evidências claras de que houve áreas cumulativas, ou seja, os números relativos ao desmatamento de 2007 foram somados aos de 2008, além de incorporarem savanas, campos naturais que nunca tiveram cobertura florestal, concluiu. Fonte: Laura Fonseca - Agência Senado.

Hugo Marques diz que o caso de Eliasch e da Cool Earth assusta pelas conexões e pela afinidade de suas ações com o discurso de internacionalização da Amazônia que volta a crescer no mundo. Eliasch é nada menos que o conselheiro para desflorestamento e energias limpas do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.

Ele também é dono do grupo Head NV, um dos grandes fabricantes de materiais esportivos, e é casado com uma brasileira, a socialite Ana Paula Junqueira. Ela, aliás, é a representante da Cool Earth no Brasil e também está sendo investigada pela Abin e pela PF. Um exemplo do respaldo que o sueco tem no Reino Unido foi um editorial elogioso publicado no Daily Telegraph dias depois que o jornal O Globo publicou, no início da semana passada, trechos do relatório da Abin que detalhava as atividades suspeitas da Cool Earth na Amazônia. Segundo o Telegraph, a iniciativa de Eliasch de comprar terras na Amazônia e estimular outros empresários a fazer o mesmo é "louvável".

Num raciocínio que parece voltar à lógica que no passado justificava o colonialismo britânico sobre a Índia e a África, o jornal sugere que apenas países com "condições de vida mais elevada" poderiam ter maior dedicação às questões ambientais. "Não é possível, diante da realidade do Brasil, obrigar fazendeiros que buscam prosperar com suas produções e a proteger a floresta. Para os brasileiros, terras improdutivas significam menos prosperidade", escreve o diário britânico. A ONG Cool Earth tem ainda o apoio do ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Miliband, como aponta o próprio relatório da Abin. No governo Tony Blair, Miliband era o ministro do Meio Ambiente. Nos final das contas e quando as irregularidades forem apuradas, não é de se estranhar que várias autoridades brasileiras estejam no écran das negociações. É o brasileiro querendo vender o Brasil.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI –ALOMERCE E A AOUVIR

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 11/06/2008
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