Feitiço em mim
“O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formávamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão.”
(Fernando Pessoa)
Perdoe-me ó deusas da beleza e da fertilidade. Mas estou fechado para o amor. Não entregue vossos corações a esse pobre homem, eu hei de amar-te, mas dominado pelo medo hei de ti largar. Não é por mim, é por vós que vos alerto. Não sou alguém que não ama, caso fosse seria tirano, sou alguém que teme ser amado, e sou alguém que teme muito mais o futuro do meu amor dado.
Eis uma oração, desabafo... Sei lá o que seja isso. Importa que meu coração hoje não passa de cristal quebrado. Nos encontros da vida, me deparei, causado por mim, em mais um desencontro. Mas eu sei a culpa, é minha. E lembrei-me de uma música do Raul Seixas que diz: “Porque quando eu jurei meu amor eu trai a mim mesmo...”, mas eu amei, juro que amei e amo. Mas não tenho coragem de continuar...
E não faço isso por ser ruim, por ser mentiroso, faço por eu ser fraco, frágil e medroso quando vejo a lança do amor à minha frente.
Sendo assim - dizem os deuses – que lhe seja retirado por um certo período de tempo, longo tempo talvez a graça de amar ao alguém, para que outra pessoa não seja machucada.
Calei-me diante dos deuses, que saíram e não disseram qual a cura para o feitiço. Talvez eu tenha virado sapo?