CORTE DO BILAU EM MASSA

O Ministério da Saúde acaba de autorizar oficialmente a criação do terceiro sexo. Se Mary Shelley, a escritora que criou o Frankestein, estivesse viva, iria reivindicar direitos autorais pelo roubo do norrau. Todos vão correr às filas do SUS e será o novo recorde para se juntar aos demais em que o Brasil é campeão: cesariana, redução de estômago, cirurgias plásticas "embelezadoras", silicones, botox, mega-hair.

E mais o desmatamento, a tuberculose, o desperdício de alimentos, a explosão populacional.

Talvez, com esta nova modalidade, já que as coisas vão perder a turgidez e será entronizada a morbidez, o problema seja só o aumento do lixão. Haverá cortes e descartes...Talvez haja um certo des-consumo em alguns ítens da cesta-básica desses desavisados: vai cair a venda do viagra e dos preservativos, próteses penianas, lubrificantes íntimos, menos cirurgias de fimose, circuncisão, etc.. E a taxa de natalidade, vai descer ou subir? Os novos eunucos, mas não os Castrattis, pois, segundo me consta, vão-se preservar os bagos, ou não? Estou fazendo a maior confusão entre castração, decepação e mutilação! Preciso de mais dados cirúrgicos e estatísticos, urgentemente!

Nos animais, o termo, a prática usual é a extirpação dos testículos, os fabricantes e destiladores de hormônios e sementes fertilizadoras. Os bichinhos ficam desprovidos, mas só dos grãos. Conserva-se o escroto, que é suturado e depois murcha. Na roça a gente diz que o porco, um marrão reprodutor, vira um capado. Com a castração (corte e retirada) dos bagos, interrompe-se a elaboração da testosterona. O bicho fica pacato, manso, aumentam o apetite, a preguiça, ele começa a engordar. Não se corta a torneira do xixi, mas adeus cio...

Os novos espécimes sem os instrumentos, mas com os hormônios e o sêmen, vão-se tornar muito perigosos. Para que servirão os ferohormônios, para onde serão canalizados?

O SUS libera e nós ficamos asSUStados. Euzinha, pelo menos, que estou cutucando vespeiro com um chumaço aceso. Os Marimbondos de Fogo do Sarney

Os caras sem os respectivos serão os pioneiros a derrotar definitivamente o pavor à castração. Será o fim com horror que acabará com um horror sem fim. A fobia de mutilação é inerente a todo ser humano, homem ou mulher. A perda de um dente, a decepação de uma orelha, perna, braço, mão, dedo, é castração. O Lula sabe o que é ficar sem o dedo mindinho. Perdi uma córnea numa infecção por vírus e vi de perto a fobia, ainda que sem visão no olhinho esquerdo. Há mulheres submetidas à histerectomia que quase piram...

Não quero aqui, ainda não, entrar no assunto do verso da moeda, que é a operação-tábua-de-passar que os caras do sexo feminino vão enfrentar. Logo ouvi, no noticiário, que só os machos serão beneficiados (?) nessa primeira leva. E as outras(os), tipo a filha da Gretchen, vão liderar passeatas de protesto contra o protecionismo dos machos? O problema é técnico: os cirurgiões-reconstrutores ainda não conseguiram um sucedâneo razoável de pênis.

Como a Mary Shelley deu a dica, no livro, para o cirurgião-barbeiro fazer o bilau do Frankestein?

Outra questão: a lei vai se submeter à aberração? Vai oficializar um novo sexo, o terceiro, esculpido a bisturi, suturas, remendos? Fico pensando nas genitoras que pariram esses rebentos, nesses pais que foram ao cartório registrar e trouxeram o papel onde consta: sexo masculino. A mamãe passou talquinho ali, fez a higiene direitinho no seu meninozinho.

Como a Igreja, a Escola, a Justiça e a Lei, a Família, vão gerenciar isto? Mais um item no buraco da camada de ozônio? Mais um refugo indescartável, como o lixão de Nápoles?

Vila Velha, 06 de junho de 2008.

Berenice Heringer
Enviado por Berenice Heringer em 11/06/2008
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