O gostoso silêncio do barulinho da chuva
Pena que nós ocidentais não damos tanto valor ao silêncio. Pena porque o cessar dos sons é o falar da alma, como bem disse o poeta H.D. Thoreau, “o silêncio é a comunhão de uma alma consciente consigo mesma.”. Muitos me dizem que odeiam o barulho do silêncio, pois eu adoro a música que dele sai.
Foi falando sobre silêncio com algumas amigas que a Bárbara falou que amava o silêncio e o barulhinho da chuva, achei tão interessante isso que tive a idéia de escrever sobre o silêncio do barulho da chuva.
É claro que nesse barulho, oriundo dos pingos de chuva no telhado não há silêncio, mas é como se houvesse. Silêncio é aquela casinha gostosa onde nós entramos para refletir, casinha aconchegante, pequena, só cabe a gente, é lá que somos nós de verdade.
Nesse silêncio que emana do barulhinho da chuva saem os pensamentos sobre a vida, saem as lágrimas (você vai gostar de chorar ao som da chuva, eu fiz isso ontem), retornam as boas lembranças do tempo de infância, dos amigos que se foram, das coisas gostosas que fizemos com os amigos que conosco então.
Conclamo, pois a todos que exercitem o silêncio, como o William James aconselhou “O exercício do silêncio é tão importante quanto a prática da palavra.” Pena nas escolas só ensinarem as pessoas a produzirem sons, deveria ter uma matéria: Silêncio I e II. Tipo o que tenho na faculdade: Hebraico I e II , Grego I e II. Loucura, aprendo a falar essas línguas e não aprendo a linguagem do silêncio.
Excelente terapia escutar os pingos de chuva a caírem, se vier acompanhado da contemplação, melhor ainda. Sem som, somente o vosso silêncio, acompanhado do barulhinho silencioso da chuva e o seu pensamento a escorrer feito as águas.
Depois disto, terás a certeza que ninguém é melhor companhia do que você mesmo, e que o silêncio é o melhor abrigo nos tempos de dúvida e descobertas.