Um novo mundo aflora

Acho que estou ficando velho e feio. O mundo para mim, está de ponta-cabeça. Vejo tudo com maldade, com desdém, com falta de paciência. Que horror! Juro que não queria que fosse assim, mas não estou vendo saída que possa acalmar meu ego.

Parece que as pessoas mais bonitas, mais ricas, as tais “celebridades” estão vivendo em outro mundo. Um planeta onde tudo é possível, onde tudo parece fazer parte do cotidiano. Provavelmente elas enxergam quilômetros à minha frente. Quem sabe anos-luz? Eu até tento aceitar as inovações que nos apresentam no dia a dia. Faço um esforço ferino, mas não consigo mudar minhas convicções. Dizem que tudo é relativo, mas isto não significa que não tenhamos bom senso: a relatividade é coerente.

A gana dessas pessoas parece não ter fim. A necessidade que elas têm de aparecer na mídia é algo que não cabe em minha cabeça, sou de outra era, outra criação. É possível que elas estejam corretas, é provável que elas tenham uma vida melhor que a minha, é louvável que elas queiram ficar cada vez mais bonitas e ricas. Só não entendo o porquê de essas “divindades” não se “encontrarem”. Fico estarrecido com a facilidade que elas têm com as mudanças. Transformações em todos os sentidos: mudam as feições, os maridos, as esposas, os empregos, as ideias, as falas e que falas!?

Quando acordei pela manhã me vi em marcha como a uma vaca em meu rebanho, ia à frente, rumo ao matadouro. Não sei se estava preparado para o que encontraria: uma combinação de cheiros e sons, vida e morte.

Acredito que já estou na sala de espera aguardando a última estocada para entrar na área da matança. Não sou nenhuma beldade, não estou preparado para as mais recentes mudanças: homem beijando homem, mulher beijando mulher, isto ainda me causa espanto. Estou me debatendo na baia. Desculpe!

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 09/06/2008
Reeditado em 04/10/2017
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