canjiquinha.com.couve.bh - Berenice Hering

Para uma dose: 3 colheres (sopa) de canjiquinha. Cozinhe em água que dê para cobrir e sobrar, até amaciar, sem tempero. enquanto ferve em fogo baixo, pique uma folha de couve, (não em tiras compridas, para não embolar) com os talos e três folhas de cebolinha e de salsa. Quando a quirera amaciar, mas com caldo, se secar coloque mais água, adicione temperos a gosto, tipo meio cubo de caldo vitale ou um envelope de arisco granulado para legumes, ou sal com alho ou de ervas, azeite virgem e então coloque as verduras picadas, mexa bem e está pronto. Deve ser saboreada logo, bem quente. Pode, de outras vezes, acrescentar um pouco de cenoura ralada enquanto a canjica cozinha. Com um ovo frito é uma refeição completa por menos de um real. Para sofisticar, não para misturar mas comer à parte: umas fatias de peito de peru aquecidas na frigideira com queijo parmesão ralado por cima.. O nutrólogo disse que o queijo pode sbstituir o chocolate, pois é tão bom quanto, mas não nesta receita, obviamente. Outra coisa: o ovo foi liberado, não é mais o vilão do colesterol, mas um alimento bom, barato, rico em proteinas e aminoácidos.

Levei uns bons quarenta anos cozinhando, experimentando receitas e cheguei a me considerar uma cozinheira de mão cheia. Sei o trivial mineiro da roça, a cozinha naturalista, a macrobiótica, até arrisco alguns pratos à francesa, principalmente depois que li o livro A Mulher Francesa não engorda, uma obra sensacional. Agora estou desaprendendo...

A indústria de alimentos e a agricultura mecanizada com aditivos comprometeram muito a qualidade dos alimentos. Agora estamos literalmente com o pires na mão, cozinhando pequenas porções, comprando só o mínimo necessário, descartando os pré-cozidos, pré-processados, aditivados, congelados, as comidas que aparentemente são atrativas mas muito adulteradas. Há produtos simples com uma lista tão grande de ingredientes que nem dá para a gente acreditar, como os sucos "naturais" à base de soja.

Um dia, no setor de cereais do mercado, falei a um senhor sobre a canjiquinha. Ele ficou entusiasmado, mas quis logo adicionar à minha receita frugal e singela aqueles complementos que os ajuizados já abandonaram há muito: costelas de porco, lingüiça, paio, salame, salsicha, chouriço, torresmo. Ah! Os embutidos, então! São o maior embuste como vilões nas emboscadas alimentares. Se um produto tão perecível quanto a carne pode ficar sem refrigeração por mais de um ano nas prateleiras dos empórios, já pensou quantos conservantes? Com Cervantes só o Dom Quixote e seus moinhos de vento inocentes e inoperantes. Outra coisa: é claro que sei fazer lingüiça caseira, aquela do fumeiro do fogão a lenha, a carne fresca moída na máquina manual, os tempreros verdes colhidos na horta do quintal. Mas isto é pura nostalgia nas nossas aldeias citadinas tão chinfrins. E devemos nos lembrar, antes de mais nada, que o pior da lingüiça é que o porco vem junto... Então...

Vamos vaprender também as abobrinhas.com.creme.bh

Naturalmente que tudo sem glúten e com baixo teor de sódio. Para uma dose: uma abobrinha caipira ou italiana verde de tamanho médio. Ralar no ralo grosso, ou bater com a faca, se souber, claro! A técnica é medieval. Cozinhar em fogo baixo, pouca água, ou no vapor, mas sem temperos. Picar meia cebola e um tomate italiano e refogar no azeite com sal de ervas, ou alho socado com sal. Depois de refogado, juntar 100g de creme de leite comum ou light, meia caixa de 200g para uma porção. Usar noz moscada ou curry, se gostar, ou manjericão seco. Misturar a abobrinha (al dente) e pôr tempero verde e queijo ralado. Saborear bem quente, mas devagar, sentindo a delícia. Vai bem com uma pequena porção de arroz branco cozido na água, sem tempero.

Vila Velha, 02 de junho de 2008

Berenice Heringer
Enviado por Berenice Heringer em 09/06/2008
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