Significado das Festas Juninas


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Na noite da ultima sexta-feira dormi muito pouco, pois, uma Universidade próxima a minha casa faz anualmente uma festa junina, com shows, fogos de artifícios e tudo o que se tem direito numa festa junina. Como não conseguia dormir, levantei e coloquei-me frente ao computador para escrever alguma coisa.

Recordei de minha infância, das festas de outrora, e como é inevitável, comparei com as de agora. As festas juninas de tempos passados eram mais festas e menos comércio, as de hoje são mais comércio e menos festas. Comparação à parte, e todo reflexão inicia com comparações, passei a escrever.

As festas juninas tão tradicionais no Brasil, principalmente no nordeste, não são invenções nossas, foram trazidas da Europa pelos portugueses, que por sua vez, não são originalidades suas. Elas tiveram como origem o culto pagão ao solstício de verão celebrado na era pré-cristã, na data de 24 de junho do calendário Juliano e foram cristianizadas na idade média como festa de São João. Outros santos populares como Santo Antônio e São Pedro foram incorporados à cultura, tanto portuguesa como brasileira e passaram a fazer parte da tradição junina.

A fé e a crença, além de uma necessidade humana, fazem parte do inconsciente coletivo, e tudo aquilo que faz parte do inconsciente coletivo, tende a crescer e disseminar. Elas podem ser modificadas, adaptadas, reinventadas, mas, passam de geração em geração, assim são as festas trazidas ao Brasil pelos europeus, como o natal, a páscoa e tantas outras que foram incorporadas a nossa cultura. Comidas típicas e danças, própria de nossa incipiente cultura, foram incorporadas às tradições importadas, fazendo as pessoas acreditarem que todas estas animadas festanças é cara do povo brasileiro.

Uma tradição é passada como herança para um povo e cabe ao mesmo modifica-la e adapta-la de acordo com a época em que se vive. Hoje as fogueiras a base de lenha estão fora de moda e são antiecológicas; as comidas não são partilhadas, são vendidas; as festas não são mais familiares, são comunitárias. Os santos da tradição junina, que antigamente recebiam muitas orações e oferendas, hoje têm que se contentarem em emprestar os seus nomes às festas típicas da sociedade de consumo, e às vezes nem o nome, já que os festejos hoje são tão somente: festas juninas.

A tradição transmitida na forma de herança a um povo é como a genética do indivíduo, pode sofre mutações, pode manifestar outras formas fenotípicas, isto é, apresentações diferentes de acordo com o ambiente, mas o gene original é imutável. Os povos considerados pagãos da era pré-cristã festejavam o sol, o inicio do verão e sua relação com a natureza. Os cristãos da idade média festejavam a fé e a religiosidade própria da sua época. O povo dos dias de hoje festeja, não sabe o que, mas está festejando, e quando se festeja sem saber o que está comemorando, comemora-se a vida.

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