Dos Amigos que tive

De uns tempos pra cá eu sinto falta das amizades antigas.

Daquelas que me sufocavam de tanto estarem presentes, que não me davam nenhum tempo de acordar e já estavam no telefone a me contar particularidades.

Eu sinto falta de ter menos MSN, menos e-mails, menos celulares. Sinto falta de poder andar duas ruas e sentar no sofá da melhor amiga e falar qualquer coisa sem noção, ou revirar todo o guarda roupa dela atrás daquela minha blusa que há tempos se foi emprestada e que nunca mais vi.

Os segredos compartilhados, as piadas internas, os apelidos escandalosos, saudades até das vergonhas. Sinto falta de atravessar a ponte parando a cada metro para rir de doer a barriga, tomar ki-suco comendo biscoito e assistindo um filme bem velho, de ir ao cinema depois da aula, comer pizza no shopping e pipoca com queijo no ponto de ônibus. De fazer "reunião" pra colocar tudo "em pratos limpos". A falta que me faz as caminhadas e a academia que eram regadas a muitos casos divertidos, gargalhadas e falta de fôlego. Vontade de dividir a jujuba com 5 pessoas e brigar pra ver quem come a vermelha. Comprar um saco de 1kg de amendoim salgado e comer tudo num dia só. De ir pras piores festas e ainda ter muita história pra contar no dia seguinte.

Hoje tudo é tão breve, tudo é tão virtual, tão tecnológico!

Eu quero morar a um quarteirão dos meus amigos, não mais a quilômetros de distância. Quero vê-los sentados no chão do meu quarto e não mais por fotos e webcam. Quero escrever bilhetes que serão jogados por cima dos ombros e não e-mails, e que se forem e-mails, me perdoem os que não gostem, mas serão os mais longos para pelo menos tentarem saber o que sentia no momento.

Saudades dos amigos que me tiraram grandes pedaços e me deram de volta tantos outros gigantescos que me é impossível desfazer, guardo todos bem aqui, amontoados em caixas enfeitas pelos cantos da casa. Guardanapos, fotos, canudos, CDs ("roubados"), pulseiras, brincos, bilhetes, cartas, papeis de bala e chocolate, agendas, cadernos, cartões, bilhetes de cinema, chaveiros e tantas outras coisas que compõe meu imenso tesouro.

É claro que a vida se encarregou de me trazer novos e belos amigos, tão presentes quanto esses antigos. Mas hoje eu reservo todo o meu carinho e apego a quem fez parte da minha divertida e feliz história de adolescência.