O Jeitinho Brasileiro
Segundo Lourenço Stelio Rega, autor do livro “Dando um jeito no jeitinho”, “a melhor maneira de estudar o jeitinho é vivenciar o mundo da rua, das amizades, dos negócios. Basta abrir a janela de casa, parar na fila do ônibus, dialogar com o povo, para se obter dados riquíssimos sobre este fenômeno”. Eu ainda não li a obra, mas andei pesquisando sobre o jeitinho brasileiro e encontrei o site.
Algumas pessoas defendem que o jeitinho não é só corrupção e malandragem, e sim que exista um lado positivo nele. O capítulo três do livro cita três facetas positivas do jeitinho: a criatividade, a função solidária e o seu lado conciliador.
Eu acredito que possa existir um aspecto do jeitinho voltado para o bem, mas é extremamente raro de se ver. O que presenciamos atualmente é o jeitinho em seu lado mais sórdido e corrupto. Basta analisarmos os últimos acontecimentos na política, no trabalho, no bairro em quem moramos, na igreja e nas ruas. O jeitinho brasileiro se tornou um vício e está impregnado no caráter das pessoas.
Ontem estive conversando por MSN com uma amiga. Eu falava que ainda ia surgir muita porcaria relacionada à crise do governo do Estado do Rio Grande do Sul em sua relação com o DETRAN-RS. Ela me respondeu: “mais porcaria do que no governo federal? Acho difícil”. Então começamos a discutir sobre o aspecto cultural que gera todo esse pacote de falcatruas.
O brasileiro traz consigo, enraizada, a cultura do jeitinho, a cultura da esperteza que ultrapassa os limites da necessidade, a cultura da malandragem. O meio político é só um resultado do que acontece diariamente nas ruas: é o caixa que engana no troco, é o pivete que rouba uma carteira, é o comerciante que superfatura o produto, é o professor que finge ensinar e o aluno que finge aprender, é o jornalista que manipula a notícia e por aí vai. O jeitinho só está impregnado nessas atitudes, ele está escondido por entre as relações diárias. Ele favorece a falta de ética em todos os níveis.
Um problema cultural desse tamanho tem como ser resolvido? Seria necessária, não só uma reforma política ou uma reforma educacional, mas uma reforma de caráter, uma reforma de conduta, uma reforma de pensamento de cada um de nós, afinal, os nossos filhos apenas aprendem aquilo que vivem.