Ordis é ordis
"- ... Você tem certeza de que ele entendeu que pra colocar mais uma fileira de canhões é necessário aumentar a altura? Que o centro de gravidade da embarcação vai se deslocar e isso vai comprometer a estabilidade?
- Olha aquí, ele disse que esse negócio de “centro de gravidade” só pode ser coisa da oposição e, quer saber mais? "ordis é ordis” , manda quem pode e obedece quem tem juízo, ta bão?".
Se esse diálogo de fato ocorreu dessa forma, tendo portanto registro nos anais da história ou é apenas uma invencionice de algum escriba bissexto, pior para a história.
A verdade é que foi adaptada uma fileira adicional de peças de artilharia ainda mais pesadas que os canhões do deck inferior. O Rei queria que aquela fosse a nau guerreira mais poderosa da historia daquele país e complementou com uma frase de efeito:
- "Nós vamos mostrar aos nossos inimigos com quantos paus se faz uma canoa, digo, um navio".
Pompa e circunstância, toda a corte e toda a gente presente menos o Rei, que estava viajando. O navio sai a navegar...
Isso ocorreu em 10 de Agosto de 1628 em Estocolmo, Suécia e o "Vasa” , o maior e mais vistoso navio de guerra do século XVII afundou poucos minutos depois de deixar o porto com todos os seus 50 metros de altura, sua dezena de velas, 64 canhões e mais de 150 marinheiros. Desde aquela época a prepotência, a presunção e a omissão já faziam vítimas.
Hoje, quem visita Estocolmo pode conhecer de perto o próprio Vasa, que foi resgatado do fundo das águas mais de 300 anos depois e, mediante um trabalho incessante e meticuloso que demorou 3 décadas, está totalmente recuperado e se constitui num dos maiores atrativos da capital Sueca: o Vasamuseet.
O Museu Vasa recebe em média 800 mil visitantes por ano e lá está também para lembrar que assuntos importantes não deveriam ser decididos apenas pelos "reis", tenham eles o poder que tiverem...