CAMINHADA.

Passada a comilança, estava com uns bons quilos a mais.

Deixar de sendentarismo é meta, promessa, jura.

Mesmo sem bigode, devo honrar o fio imaginário.

Palavra dada, palavra cumprida, darei o exemplo para os palacianos de Brasília.

Cortarei na própria carte, com suor e dor; mas vou entrar em forma de novo. Meu povo farei o que for preciso.

Bom, já feito o discurso e planejado tudo, restava executar o plano.

Tracei o itinerário da caminhada, separei calção e camiseta, ajeitei um tênis meio desajeitado de sola plana. Duro que nem rapadura. Todo fechado em couro, bom pra chulé.

Lá fui eu empolgado.

Andava, andava, andava, e mais longe ficava o ponto final da caminhada.

Já brochado, deitei estatelado nas areias de Itacoatiara.

Nem levei um trocado pra uma água de coco.

E pra voltar, um sufoco.

Devo ter feito o percurso em três dias.

Pernas bambas, cheguei à casa.

Descobri o fracasso da caminhada. O tênis era inadequado.

Uma falha técnica que não estava em mim.

Decidido, fiz romaria por todas as sapatarias e comprei um tênis de caminhada.

Já utilizei. Tô todo quebrado. Dói aqui, um pouco ali, e lá também.

Mas, vou caminhando...e nem pense em rir...de mim.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 22/01/2006
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