No Teatro
Tantas vezes eu penso o que estou fazendo aqui.
Talvez aborrecendo. Talvez agradando. Estamos todos num grande palco! Somos artistas, expostos à visão dos outros.
Escrevo contos. Será que um dia escreverei como gente de respeito? Machado e Hemingway não me mataram? Dúvidas, eternas dúvidas. Algum dia farei algo semelhante ao “O Velho e o Mar”? É a maior peça já escrita, maior mesmo que qualquer outra existente, ainda que de Shakespeare. “Vem peixe... Pula mais uma vez... Minhas costas estão doendo! O menino está fazendo falta! Pula, peixe! Estamos os dois sozinhos aqui, você está me levando para o norte, oceano cada vez mais aberto.” E continua mostrando a luta de Santiago contra o espadarte. É a luta da Vida. É a própria Vida, contada com o suor, sangue e esforço do velho. Belo, inegavelmente muito verdadeiro, não é sonho, é a realidade de todos nós expostas na pena de Papa Ernesto, “El Matador”!
Caio na poesia. Fico perto, na Bahia e no Rio de Janeiro.
“Talhado para as grandezas,
P’ra crescer criar subir,
O Novo Mundo nos músculos
Sente a seiva do porvir”
Estatuário de colossos,
Cansado de novos esboços
Disse um dia Jeová:
‘Vai Colombo, abre a cortina,
Da minha eterna oficina...
Tira a América de lá.’ “
E mais adiante:
“Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.”
Que faço eu diante disto? Talvez seja melhor aprender a recitar... O Livro e a América, de Castro Alves. Leio. Não me dá vontade de escrever mais.
Um amigo meu vem e diz: “na época deles o homem não tinha ido à Lua, nem conhecia as células-tronco.”
Cai o pano...