A ROCA DE OURO - Berenice Heringer

ou de Nepente mente!

"Não aquele Nepente que no Egito

De Tone a esposa ofereceu a Helena, / Que alegra o triste e apazígua a sede." (Milton)

Esta é a alusão do poeta a uma famosa receita para a bebida revigorante chamada Nepente que a rainha egípcia ofereceu a Helena, que foi amante de Páris e desencadeou a Guerra de Tróia, causadora de tantos morticínios. Voltou para o marido, o rei Menelau, reconciliaram-se e regressaram à terra natal após a vitória sobre Tróia. No barco, foram arrastados por tempestades nas costas do Mediterrâneo. Visitaram Chipre, a Fenícia e, no Egito, receberam ricos presentes. A Helena ofertaram uma Roca de Ouro e um cesto com rodas destinado a guardar a lã e os carretéis para seus trabalhos de fiação. "Muitos se apegam ainda à velha roca/ e mesmo a caminhar o fuso movem /. Veio de antigos, gloriosos dias / a arte de fiar, quando do Egito / o príncipe ofereceu à bela Helena / uma roca de ouro." (Deyer)

E eles voltaram sãos e salvos para Esparta, o velho rei Menelau e sua bela e jovem Helena.

Viveram e reinaram com resplendor. A filha deles, Hermíone, (veja de onde a autora famosa de Harry Potter tirou o nome da menina da história) casou-se com Neoptolemus, filho de Aquiles. Como afirma sabiamente Shakespeare: tudo está bem quando acaba bem."

O grande perdedor nesta história toda foi Páris, o iludido, o romântico, cuja loucura precipitou o perecimento do reino de Tróia e de todo o seu povo.

Eu sou troiana por natureza, perdedora e justiceira. Mas tenho uns nepentes de espartana, basicamente estóica como o filósofo-escravo Epícteto. Acho que me identifico com Tróia por meu pai, Agenor, rei da Fenícia, pai de Cadmo e filho do rei Príamo de Tróia. A derrota de Tróia é minha derrota. Veja como a mitologia está em nosso inconsciente coletivo, assim afirmou Jung. Sempre nos identificamos com o emocional de heróis e perdedores...

Vamos transpor para a atualidade esse quadro das mulheres belas e sedutoras que desencadeiam guerras, a destruição de uma cidade-estado, o desaparecimento de uma corte e de uma linhagem real. Depois, essas inconseqüentes sacodem a poeira das sandálias, dão uma reviravolta nas cabeleiras e reconquistam posição, regalias, status, glória e imortalidade.

São elas as fabulosas mulheres fiandeiras do destino em suas Rocas de Ouro, e com seus fios mágicos, que entrançam sortilégios e encantamentos, enredam monarcas e guerreiros...

Garanto que as mulheres de hoje têm nostalgia dessa era onde o poder das sibilas, pitonisas e deusas fazia delas as donas do destino de reis e reinos. Na Inglaterra tivemos uma famosa que fez o candidato a rei, Eduardo III, renunciar ao trono. Ela, uma reles plebéia americana, divorciada, de nome Wallys Simpson. Nem era uma donzela casadoira, ou princesa, ou virgem, só uma carta fora do baralho social. Mas o babão candidato a rei se enredou e nunca mais se desenredou. Depois, e agora, na atualidade, temos a tal de Camila Parker-Bowles, xodó do príncipe Charles, também um candidato direto na linha de sucessão ao trono inglês. Criticado mundialmente, enrabichou-se por Camila, também divorciada, não sei se plebéia, mais velha do que ele, ainda no tempo em que foi casado com a endeusada Princesa Diana, uma mulher lindíssima que pariu dois príncipes, um deles Adonis (Harry), o outro Apolo (William). O príncipe Charles disse, segundo o tablóide de fofocas londrino The Sun, que queria ser o OB da Camila. Todas as mulheres do mundo estão interessadas, até ansiosas, para saber a marca deste absorvente íntimo tão famoso e desejado! Agora tal mulher está na bica de tornar-se Rainha da Inglaterra!

Já pensou as farpas de ódio que devem se cruzar nos pátios e telhados dos castelos e palácios londrinos? Nora e sogra, com um ódio tão feroz e ferrenho que pode até parar o tic-tac secular do Big Ben.! Acho que esse é, verdadeiramente, o Bug do Milênio.. VV-1º/06/08.

Berenice Heringer
Enviado por Berenice Heringer em 06/06/2008
Código do texto: T1022061