MULTIPLICIDADE

Já esteve em uma situação como no pavimento superior da Estação da Sé do Metrô, lá em cima, e por alguns segundos observar as pessoas passando, agitadas e anônimas, em sua lida, para todos os lados, à frente, pelos lados e embaixo?

Não apenas observá-las, mas senti-las, e ter a sensação de que cada uma delas guarda uma vida, que poderia gerar histórias que preencheriam as estantes de uma biblioteca?

Cada um tem a ensinar, a aprender, a crescer e mesmo a perder-se.

Se uma vida é destruída, não é apenas um, mas um infinito que perde-se. Dessa forma, cria-se um vácuo, além do vácuo que é o não saber.

Tanto que se poderia ver, aprender, apreender, e não conseguimos. É uma leitura do mundo diferente da nossa.

Costumo comparar as perspectivas pessoais com um globo, desses usados em salões de baile, multifacetado.

Cada pequeno pedaço desvendaria uma visão do mundo, e jamais abarcaremos todas as múltiplas dimensões.

Mas a teoria do globo pode ser aplicada a infinitas possibilidades, porque a vida não é feita de um único fato, mas fatos multiplicados que se encaixam uns aos outros, sequencialmente. Além das perspectivas, experiências.

Então olhamos a multidão-massa e podemos perceber que naquele conjunto de não-identidades existem individualidades. Pessoas em seus mais variados momentos, vivendo, pulsando.

Cada uma delas, um universo, inalcançável.

A multiplicidade é vida.

Maria da Glória Perez Delgado Sanches

Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.

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