Bumbuns e seios em alta...

          Nada contra. Se Deus os fez assim tão belos, por que escondê-los? Guardá-los a sete chaves? Por quê? Pra quê? Ocultá-los já é coisa de antanho.
          Eles têm é que ser exibidos; a todo o momento e em qualquer lugar. Pouquíssimos são aqueles que não querem vê-los; tocá-los; admirá-los; pelo menos desejá-los...
          Pelo título desta crônica já percebem os meus diletos leitores do que estou falando.

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          Dia desses, surpreendi um jovem padre foliando, discretamente, uma revistinha, se me não engano a Pleyboy. Ele e eu freqüentamos a mesma livraria; a mesma banca de jornal. 
          Descobrindo-me surpreso com o que via, foi logo me dizendo: "Obra de Deus, meu filho! Obra de Deus!" E completou: "Feliz é o caro amigo porque pode apalpá-los, acariciá-los sem ser censurado. Por enquanto, satisfaço-me em contemplá-los."
          Admitindo que o jovem sacerdote estava, de fato, falando a verdade, ousei consolá-lo acenando com a possibilidade de um dia o celibato acabar.
          E ele: "Deus te ouça! Deus te ouça!"
          Fiquei espiando, pelo rabo do olho, se o arejado presbítero ia levar pra casa a revistinha, que manuseava com justificada cautela. Não levou. 
          Preferiu comprar o livro de Bento XVI, Jesus de Nazaré, que já li e gostei muito. A revistinha lhe tiraria, sem dúvida, algumas horinhas de sono, na paz de sua cela.  Deve ter optado por continuar mergulhado no latim do seu Breviário fradesco.

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          Eu dizia - antes de contar meu casual encontro com o padre na livraria - que sou favorável  a que os bumbuns e os seios das nossas belas jovens sejam livremente exibidos. 
         Não pretendo, com isso, estimular a libido de quem quer que seja, inclusive a minha. Estou, apenas, acompanhando os novos tempos...

          Sim, porque no meu tempo de rapaz - e já lá se vão mais de meio-século - só por sorte as mamas e a bunda de uma parceira podiam ser vistas com facilidade e nitidez.
          Viviam escondidinhas. Só apareciam na noite de núpcias, e, assim mesmo, um tanto encabuladas... Antes do conúbio, tudo corria por conta da maior ou menor ousadia do parceiro. Em contrapartida, trabalhava-se mais com a imaginação...

          Viva, pois, a modernidade: que pra tudo e a tudo serve; que tudo justifica, inclusive, a exibição, sem limites, de bumbuns e seios, estes na maioria turbinados.
          Turbinados? Siliconados? E daí? Bem diferentes daqueles feitos pela mão do Altíssimo, ainda assim continuam despertando compensadora sensação; como se originais fossem...

          Os bumbuns geralmente resistem aos retoques de um bisturi. Quem os tem apreciáveis e atraentes é porque assim a Natureza os fez.  A mulher que nasceu sem um elogiável bumbum, paciência. 
          Devo, entretanto, afirmar, que a ausência desse belíssimo atrativo físico não tira, fatalmente, da manceba o seu  donaire, seu encantamento, sua lindeza. A presença dessas qualidades não depende de a mulher ter ou não glúteos arrojados e bem diagramados.  Certo?

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          Continuo dizendo que nada tenho contra a mostra em jornais, TVs e revistas de bumbuns  e seios das nossas jovens mulheres. 
          Até porque, seios e bumbuns sedutores valem, hoje, uma nota. Têm cotações oscilantes, mas estão sempre em alta. 
          Abençoadas donzelas conseguem sua independência econômica à custa da reconhecida pulcritude dos seus seios  e da exuberância de suas nádegas. 
          Fazer o quê se o mercado de trabalho permanece em condenável crise?  
         Acho que todas elas têm é que se valerem do seu momento de beleza.
          Tempus fugit. De repente a velhice chega. 
          Porque não souberam aproveitar seu instante de formosura física, estarão todas condenadas a morrer mergulhadas no mais profundo e cruciante arrependimento...   
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 05/06/2008
Reeditado em 13/01/2009
Código do texto: T1020926