Relações e Emoções
Águida Hettwer
Sentados a margem da vida, percebemos como o tempo é efêmero, em uma família projeta-se sonhos, fazem-se planos, contudo o que o papel recebeu como filosofia de vida, nem sempre conduz a realidade. Questionamos-nos onde foi que erramos na educação de um filho, na relação do cônjuge, na amizade que por muitos anos trouxe alegrias e o que era duradouro, restou distância. Como se a mente fosse cauterizada, e muitas coisas que falamos, e até em juras confirmamos, hoje não fazem mais sentido algum. Será que plantamos sementes estéreis, ou o solo não soube receber e nutrir-se, sustentando-se em frondosa árvore, com raízes profundas. Na vida somos eternos aprendizes dessa arte, já dizia a velha frase, “colhemos o que plantamos”. E como crianças, nós caímos e levantamos aos prantos, sacudindo a fuligem, machucados pelos atropelos, corremos de braços abertos ao aconchegante abraço daqueles que nos são mais próximos. Ali encontramos um porto para ancorar, chorar todas as mágoas, desabafar o que alma teme sanando dúvidas em um conselho amigo, alugamos ombros e ouvidos alheios. E às vezes somos apenas ouvidos que ouvem lamentos também. Notório o quanto precisamos um dos outros, ninguém é “Super Herói” vinte quatro horas por dia, e sendo transparentes em nossas relações, retorna para nós, em fonte viva de água cristalina. Assumindo nossas fraquezas diante das circunstâncias, em uma troca de cumplicidade e amor fraterno. E mesmo que as estações tenham suas dimensões a cada novo ciclo tudo se renova, trazendo ares de esperança, feito risos de crianças logo após uma queda.
E nelas buscamos inspiração, pois não guardam rancores em suas relações.
04.06.2008