...O DESAFIO DE SAIR VIVO APÓS UM AFOGAMENTO VOLUNTÁRIO...

O Sol místico de todos os dias queimando minha pele mestiça, de misturas de raças * Minhas verdades impuras de razão, já que a verdade não me pertence * deixo que a verdade seja sua, está tudo aí em suas palavras para quem quiser acreditar em pré julgamentos, preconceitos é o que não falta neste mundo * eu não sei nadar, mas faço de conta que estou no meio do mar * quando estiver me afogando não precisa me salvar, é simples assim * eu preciso perder o medo de viver outra vez * na verdade gostaria de dizer que preciso estar preparado para mais outra morte minha * conheço algumas meninas que andam com coletes salva vidas em meus delírios * eu sempre tento evitá-las pois elas se assemelham muito aos anjos que escuto falar por aí * eu não preciso de outra ilusão, preciso de um copo d'água para tirar o sal dos lábios que foram sugados a força por outros lábios que eram doces ontem a noite * é dessa mistura que ainda consigo ver graça nos dias que estão repletos de dissabores * quem sabe aquele telefonema não atendido houvesse mudado toda a minha vida * quem sabe eu apenas não tivesse sido tão tolo ao dizer todas as coisas que eu nunca gostaria de escutar * parecia que eu as havia listado e soletrado uma a uma diretamente na cara da pessoa a quem eu morria de vontade de me atirar nos braços e mostrar que ali ela não era a única a ter chorado naquele dia * os pedidos de perdão se perderam no mar da noite de chuva * eu era adulto demais, faltou-me a sabedoria das crianças * eu estava seco demais, faltou sair correndo pela chuva * eu falava demais, faltou o silêncio ruidoso que sentia quando acontecia o beijo...

<2001>

"...ela me faz tão bem

que eu também quero fazer isso por ela..." LULU SANTOS