HONESTIDADE E CRETINICE
Ontem cheguei à conclusão (infelizmente) que no Brasil a honestidade vem do berço e não da cultura. O ideal seria que essa realidade fosse ao contrário, pois é a cultura que direciona o rumo de uma Nação. Povo mal educado é povo quase sem futuro.
Mas você leitor deve estar se perguntando qual a razão deste humilde cidadão ter chegado a essa desesperadora interpretação. Ocorre que enquanto eu ouvia numa emissora de televisão a notícia de que uma mulher - dona de uma Lotérica - procurou no lixo a pessoa acertadora de uma determinada loteria e depois de achar o número vencedor também procurou a verdadeira proprietária do bilhete e entregou o seu merecido prêmio; logo a seguir, ouvia numa outra emissora um exemplo completamente oposto, pois num programa chamado de CDC, o repórter saia às ruas para verificar a honestidade do povo brasileiro e deixava seu celular num determinado ponto e depois ligava dizendo que o havia perdido, para que a pessoa que o achou pudesse manifestar sua posição. Curiosamente, a maioria das pessoas não desejava devolver o aparelho, ou pretendia uma recompensa, ou o pior, mesmo percebendo que havia sido filmada e que seu ato havia sido observado pelo Brasil inteiro que estava ligado naquele canal de televisão, uma mulher negou que tivesse achado o aparelho de celular. A questão só foi resolvida depois que a polícia interferiu.
Eu fiquei impressionado pela capaciade da pessoa negar que tivesse achado o celular. O repórter mostrou a ela que foi flagrada apanhando o aparelho, mas mesmo assim ela permaneceu segura que não iria devolver, justificando-se de que o “achado não é roubado”.
Enfim, esses exemplos dão ensejo a acreditarmos que a maioria do povo brasileiro tem tendência a ser cretino. Isso me entristece. No entanto, vez ou outra observamos algumas pessoas – mais humildes – dando exemplos que deveriam ser seguidos. Numa outra oportunidade vi uma reportagem de um homem bem pobre que achou uma mala com dólares. Ele não sossegou enquanto não encontrou seu proprietário.
Alguns devem estar pensando. Mas, se a pessoa achou e foi ela quem teve a sorte de deparar com aquele bem de valor, por que deveria abdicar dessa oportunidade? Afinal quem perdeu não mereceria retorno porque no mínimo foi descuidado com algo que deverei ter o dobro de zelo! Ocorre que nenhum de nós é capaz de saber as razões para que o verdadeiro proprietário tenha perdido o bem de valor. Pode ser que isso tenha ocorrido por um motivo de força maior, como um acidente, em razão de uma doença, por meio de uma violência qualquer e até em razão de uma maldade humana etc.etc. O que importa nisso tudo é que aquele bem de valor, certamente tinha um objetivo para o seu proprietário, como pagar uma dívida, comprar algo que sempre sonhou etc. etc.
O doloroso nisso tudo é que uma boa parte da população tem mania de querer se dar bem, sem se importar com o ato em si e com a única justificativa: - Todo mundo faz, por que eu não posso fazer? Alguns até são mais detalhistas e dizem que nossos políticos são os primeiros a semear maus exemplos, porque um cidadão comum não pode fazer o mesmo? Esse perfil não pode se tornar uma regra, sob pena de estarmos contribuindo para um futuro sem regras e com resultados desastrosos para o próprio povo.
A honestidade é que é a regra. Ninguém pode ter medo de dizer num grupo de pessoas que é honesto. Sei que os honestos, para não se sentir ridicularizados muitas vezes se calam. Já ouvi muitas pessoas contando vantagem porque conseguiram seus objetivos com astúcia do chamado “malandro”. Não existe malandragem sem que alguém tenha saído no prejuízo. Sempre alguém perde. O pior é que aquele que perde é o honesto, ou no mínimo alguém que foi iludido ou que acreditou demasiadamente em alguém que não merecia. Não comundo que esse tipo de comportamento. Quando vejo uma pessoa contando esse tipo de vantagem eu procuro não apoiá-la e mostro claramente para ela que eu não agiria dessa forma.
Em nosso convívio muitas vezes deparamos com pessoas dessa estirpe e, por conseqüência, temos de nos afastar ou afastá-la, dependendo do local e do apreço que temos pelas pessoas que compõem esse grupo. Se for alguém que está entre nós e passe a demonstrar esse tipo de comportamento, não podemos ter dúvidas em afastá-la pra longe, pois a credibilidade de um grupo social se mede pela conduta de seus membros. Ou a pessoa se adequa às atitudes da maioria, ou então deve procurar outras pessoas que acompanhem sua filosofia de se “dar bem”. O mesmo deve ocorrer quando nos aproximamos de um grupo desconhecido e percebemos que as pessoas que ali freqüentam não obedecem a regras da boa convivência, através de gestos de fraternidade, o melhor que temos de fazer é nos afastarmos, pois não iremos ficar à vontade.
Enfim, o Brasil deve melhorar seu perfil no que diz respeito à honestidade das pessoas. Quando isso ocorrer, todos nós teremos certeza de que estaremos marchando para um futuro bem melhor. Aliás, essa regra é Universal. Quando todos perceberem que é melhor ser honesto do que ser cretino, o mundo terá um melhor avanço neste mundo da chamada Globalização.