AMOR INCONDICIONAL

AMOR INCONDICIONAL

DONATO RAMOS

do livro FOLHAS SOLTAS

Para DALILA

Quando estou impaciente e aquela angústia - que trago dentro de mim há séculos - começa a inquietar-me... VOCÊ põe os dedos de leve em meus lábios.

Não digo nada.

Não blasfemo

Não grito.

Não choro.

Quando minhas mãos tremem, pelo tempo que viveram, quando as sinto pesadas, inertes...VOCÊ, as toma entre as suas.

Minhas mãos se fortalecem, se tornam quentes, ágeis até.

Quando me faço de surdo, teimando em não ouvir a razão, falando alto, bem alto, suplantando o tom de todos à minha volta... VOCÊ começa a sussurrar, falando baixinho, num tom quase inaudível.

Então, tenho que me esforçar para ouvir, prestando atenção, até que entendo tudo e fico silente.

Quando estou em desencontro, em desespero... VOCÊ diz que nem tudo está perdido, que nova aurora virá, que o passado não existe mais, que ficará na lembrança apenas o de fato foi bom, que o novo dia será bem melhor e tudo se arranjará.

Aí, encho-me de coragem e de ternura, reafirmo minha fé e traço novos planos.

O mais intrigante é que VOCÊ jamais me pediu alguma coisa em troca. Diz, sempre, que nada mais é preciso a não ser minha presença.

VOCÊ, na realidade, deve ser aquela alma que, um dia, inventou o verdadeiro amor!

DONATO RAMOS
Enviado por DONATO RAMOS em 03/06/2008
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