Retratos de Amor ( Um divagar sobre )
Sobre retratos de amor
Tem um livro de Rubem Alves que chama Retratos de Amor, um dos meus preferidos (só para registrar). Tenho o hábito de relê-los ou mesmo estou frequentemente os manuseando em busca de um verso, um texto, um trecho ou outro, enfim. Dia desses peguei “Retratos de Amor” e der repente me ative a sua capa, que tem a imagem de um porta-retrato com o espaço vazado escrito assim: “encaixe aqui seu retrato de amor”.
Isso remete a tantos acontecimentos, retratados em nossa memória e quantos retratos de amor idealizamos ao longo dessa jornada. Quantas fotografias perfeitas imaginamos,nossa e de nosso ser amado.
O retrato de amor que o autor refere é sim o retrato de amor que buscamos, pretendemos nas nossas relações. Ideal que fosse como o retrato de nossos pais, avós, aqueles bem antigos nos quais o homem (cavalheiro) está de pé atrás da cadeira onde está sentada a mulher, indicando proteção, respeito e admiração. Esse é o retrato mais fiel que vem em minha cabeça, esse é o retrato de amor, ainda em preto e branco de meus pais.
Mas o interessante disso é que sendo um amor duradouro, uma relação estável e única, para eles há um único retrato.
Já nas relações atuais mais modernas e cotidianas a possibilidade de um único retrato é quase impossível. O porta-retrato então tem a foto trocada temporariamente porque as relações já não são tão estáveis, seguras e concretas.
Em especial retorno o texto e a reflexão à minha pessoa. De cada experiência uma foto preferida, alguns amores vividos, nem sempre compartilhados, uns eternizados na lembrança e nenhum perpetuado até os dias de hoje.
Quanto ao livro, ensaiei apor uma foto, mas a idéia foi prematuramente abortada.
Eis um motivo para refletir. Avaliar. Para que se precipitar? Antecipar situações, apenas para satisfazer uma vontade premente, uma carência de querer se dar? Algumas vezes, se não a maioria a reciprocidade não vem ou não recebemos aquilo que esperamos ou achamos que merecemos e isso fragiliza gera frustrações e baixa a auto-estima. Em alguns casos estar bem resolvido amorosamente, ter muito amor para dar e querer dar, afugenta, causa medo e afasta nossos objetos amorosos, ideal é encontrar pessoas no mesmo nível de resolução que o nosso livre de inseguranças, conflitos, neste caso a história pode gerar boas relações, saudáveis relações e amores compartilhados verdadeiramente.
Resta então procurar dosar a entrega, claro sem negar transparência clareza e sinceridade, mas dosar esse amor que canalizamos e as vezes queremos de uma única vez fazer desaguar. Geramos inevitáveis alagamentos!
É errado amar? Não.
É errado querer doar tanto amor? Não.
Então tenho que mudar de comportamento? Me tolhir, aprisionar, conter? Não
Carece de apenas uma ressalva no comportamento, conceder, doar, acompanhando a pré - disposição do (a) parceiro (a). Não é de modo algum se ferir, não implica em “não ser eu”. Sou eu sim porém observando melhor, gerenciando melhor os sentimentos,introduzindo pequenas mudanças de comportamento.É fácil? Asseguro-te que não. É um exercício diário e deve haver até mesmo ajudas, de livros, conversas, ou mesmo um profissional para abrir, ampliar esse entendimento. Mas é plenamente possível.
Reescrevo aqui e assim me abro para mim e a todos que me lêem que tenho pretensões de uma foto, não a de meus pais, mas a minha na capa de meu livro e para isso estou promovendo em mim mudanças, aceitando desafios e me conscientizando do que e em que preciso melhorar.
Não deixarei, portanto nunca de amar inteiro, completo. Buscarei acertar passos, compassos, sintonizar na mesma freqüência. Na certa, o Retrato de amor, virá.