O julgamento
Lá estava sentado, o júri, encolhido no centro estava o réu. Com um grande peso na alma, abriu seu coração. Assumiu perante o júri um erro que para eles, era uma grande injuria uma ofensa, afinal cada grupo de pessoas tem suas regras ou serão princípios, na verdade é aquilo que conhecemos como moral.
Sim a moral, criada desde o inicio dos tempos para dizer o que é certo ou errado, um peso que a religião usa para controlar a maioria dos seus seguidores.
E era contra a moral que o réu ia até aquele momento, ao ouvir a confissão do réu o júri se indignou, “onde já se viu – diziam eles -, alguém assim não pode fazer parte de uma sociedade como a nossa”, a balburdia se instalou, ninguém mais conseguia ouvir o pronunciamento do réu, que inutilmente tentava falar. As pessoas não olhavam para ele, e sim para os atos cometidos, não queriam saber como ele pensava agora e nem tão pouco como estava sentindo.
O réu foi se sentindo pequeno, tão pequeno quanto uma pulga amestrada de circo... circo... era isso, o tribunal parecia mais um circo, várias de pessoas falando e apontando o dedo ao mesmo tempo.
Lágrimas sinceras escorriam dos olhos do nosso réu, pois ele não esperava que seus judados o atacassem dessa forma, o erro estava doendo nele, sangrava do fundo do seu peito, ele havia se entregado disposto a pagar por seu erro, mas agora depois de tantas condenações, tudo que sentia era o peso do julgamento, a dor de ver pessoas queridas lhe apontando o dedo, esquecendo muitas vezes, do próprio caminho percorrido até aquele momento, esquecendo muitas vezes dos erros cometidos.
O réu lentamente deixou a sala, voltando para o seu quarto, inesperadamente, uma de suas juradas bateu na porta, após entrar no quarto a moça abraçou o amigo e deixou que ele falasse tudo que estava sentindo. Após esse ato, deixou o quarto sem dizer uma palavra, quando estava no corredor o réu correu atrás dela e perguntou:
- Não vai me condenar?
- Por que o faria? – respondeu a jurada – Além disso, não tenho por que te julgar, para mim o importante é que tenha aprendido com seu erro.
O réu voltou para o seu quarto, sua dor havia passado.
È impressionante a quantidade de júris que enfrentamos no decorrer de nossas vidas, família, amigos, pessoa som quem convivemos no dia a dia, estão sempre prontas a nos julgar, apontar nossos erros, sem muitas vezes saber como nos sentimos em relação a isso. Muitas vezes realmente precisamos de uma luz pois erramos sem perceber, porém existe momento e forma certa para ajudar esses casos, uma forma de falar única que não ofende aquele que está ouvindo. Somos réus todos os dias de nossa vida, seja no contesto moral, filosófico ou ético.
Quando uma pessoa não age da forma que esperamos muitas vezes nos afastamos e tiramos completamente da nossa vida, apagando completamente da nossa memória.
Precisamos ter em mente, que somos pessoas diferentes uma das outras, com valores e limites diferentes, devemos respeitar isso, ninguém é igual a ninguém, será que realmente amamos aquela pessoa ou estamos apenas usando-a de alguma forma. Pois se realmente amamos não importa o que ela faz e nem tão pouco quem ela seja. Tudo que sentimos é apenas amor.