EU E O MONGE

Fim de tarde, nada interessante pra fazer, ninguém pra conversar... Então, o que me resta fazer...? Já sei, vou pro terreiro, sentar na pedra, botar a mão no queixo e pensar. E lá vou eu.Pensa pra lá, pensa pra cá para chegar à conclusão de que estou me tornando uma pessoa que pode muito bem ser enquadrada como desmancha-prazeres, dessas que parece que até a alegria dos outros incomoda. Não sou festeira, não gosto de Natal, casamento, feriado, aniverssário,batizado nem tampouco de carnaval; como o maluco beleza, acho tudo isso um saco. Vivo tentando consertar o mundo sem sair do canto nem dar um prego numa barra de sabão, esperando que a sociedade se transforme e funcione assim: “ao passo que ninguém é pobre, ninguém deseja se tornar mais rico, nem tem qualquer receio de ser empurrado para trás pelos esforços dos demais em se lançarem à frente”. (Stuart Mill, 1848).

Esta conversa de não gostar de festas me fez lembrar o monge Savonarola. A História nos diz, que Florença antes dos idos de 1495, era uma cidade de povo alegre, que gostava de festas, jogos e carnaval, aí apareceu um monge de nome Savonarola e acabou com a alegria dos florentinos. Quer saber como? Então lá vai:

Em 1495, quem reinava na cidade de Florença era Jesus Cristo, (declarado rei pelo Conselho da cidade) Existia nessa época um monge de nome Savonarola, de um fanatismo religioso incomum e quem de fato exercia o verdadeiro poder da República. Sua palavra apaixonada convertia os libertinos. Fez suprimir as festas e jogos, substituiu os cantos carnavalescos por cânticos religiosos, isso, porém, graças a um sistema de espionagem e delação que submetia Florença a uma ditadura espiritual sufocante. Em 1497 queimaram-se os símbolos do alegre passado florentino. Para a fogueira lá se foram instrumentos musicais, livros de Petrarca e Boccacio e obras de arte. Alexandre VI, que era o papa da época e foi acusado de costumes dissolutos, por conta do fanatismo do monge ameaçou Florença com a proibição da administração dos sacramentos. Os ricos burgueses temendo o confisco dos bens dos mercadores e banqueiros florentinos situados nos domínios do papa abandonaram Savonarola que, com mais dois dominicanos foram condenados à morte na fogueira por um tribunal onde participavam representantes do papa.

Viu?Taí no que deu o ser-do-contra do monge Savonarola. Sei não... Mas para quem tem medo de ser queimada na fogueira, que nem eu, dá o que pensar. E eu já pensei: de hoje em diante vou modificar o meu modo de vida , me tornarei arroz-de-festa .

Postado por Zélia Maria Freire às 15:09 0 comentários

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 31/05/2008
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