ENCONTRO MACABRO

ENCONTRO MACABRO

DONATO RAMOS

do livro FOLHAS SOLTAS

Todos os jornais anunciaram o estranho corpo achado em pleno asfalto de uma rua principal de Curitiba, na manhã de quarta feira de cinzas. Não acredito muito em seres do outro mundo dando sopa por aí, aparecendo pra qualquer um. Viriam aqui fazer quê, meu Deus?

Fiquei impressionado com a foto que os jornais publicaram. Não tinha, de forma alguma, as feições idênticas aos seres que habitam este Planeta que é nosso. Talvez fosse uma dessas horrendas criaturas que nascem por esse mundo sem fim para pagar, sem saber, algum pecado de qualquer antepassado, como muita gente diz ser possível. Também não acredito que Deus, na sua santa misericórdia, pudesse fazer com que nascesse uma hórrida criatura como aquela vista nos jornais. Era um bicho, não restava dúvida. Seria homem ou mulher?

Teria sexo? Seria deste ou de outro planeta? Mistério. Quem leu os jornais, como eu li, talvez tivesse visto logo na primeira página, o macabro encontro em plena madrugada de quarta feira de cinzas...

Foi achado por um fotógrafo, desses que não dormem, não pulam o Carnaval, que não praticam a orgia, mas trabalham pela madrugada.

O estranho ser, deitado no asfalto da cinelândia foi fotografado assim. Possuía o estranho ser as faces de um amarelo opaco, com listas quase que imperceptíveis, de cor vermelha. As roupas, também elas, eram diferentes das nossas. Na ponta do nariz possuía uma bola verde, de uma cor verde e matérias diferentes das cores conhecidas. Na mão, um tubo que à primeira vista parecia uma arma dessas que vemos nas histórias fantásticas em quadrinhos ou em filmes de ficção.

Na mão direita, um rolo de papel muito bem cortado e enrolado. Seria uma arma desconhecida...? Laser...?

No peito, estava escrita uma mensagem, em letras quase inelegíveis:

“ME DÁ UM DIREITO AÍ...”

Seria um mendigo? Um monstro...? Um ser de outro Planeta...?

Sei lá! Não li a notícia toda.

DONATO RAMOS
Enviado por DONATO RAMOS em 30/05/2008
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