Cena urbana... Presa
Sentado certa vez em uma praça na frenética capital pernambucana, fiquei a observa certas paisagens na cena urbana dessa imensa cidade. Observei que todos têm uma presa absurda, uma presa desigual entre todos e para todos e contra todos, em tantos rostos passados, amassados, alguns que carregam esperanças, outros nem tanto, outros abatidos por batalhas individuais, sonhos recuperáveis outros começando. Passos apressados seguidos no mesmo chão durante horas, os mesmo passos que também não deixam seus donos se encantarem com a beleza de sua cidade. Nesta pequena cena urbana pude me deliciar com um monologo de um louco, dilacerando sua garganta com palavras futuristas que eram amenizadas entre um gole e outro, na platéia desconfortada, mas que escutava tudo, encontrava-se uma velha prostituta amargurada pelo amor bandido que fora embora e já esquecia seu nome, um biato visionário profetizando de um outro lado o velho discurso alimentado por uma crença onde vale, mas quem der mais, onde se espremiam um ou dois que disputavam quase a tapas uma vaga no céu prometido, um velho policial fincado feito arvore em seu posto acima da lei e abaixo da ordem, que no alto de sua autoridade nem percebe o corre-corre que se faz atrás do menor esquecido e abandonado por todos, só lembrado na hora do pega ladrão, por conta de uma senhora que exibe seu consumismo abstrato em uma velha bolsa Made em China e que alimenta a dor do menor esquecido. Paisagens pintadas há passos apressados e olhares disformes não vendo à hora de chegar em casa para as noticias e que não se importam com a imensa arquitetura esquecida pela presa do dia-a-dia, que entoam cânticos de maracatus e afoxes, pelos morros e cantos dessa cidade fincada entre rios e pontes que a tudo assistem silenciados pela presa demasiada da cena urbana estaguinada...