VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL

Comportamentos deseducados, desrespeitosos e agressivos são cada vez mais comuns nas crianças e adolescentes dos nossos dias. Obviamente, o clima de insegurança e violência com o qual convivemos no dia-a-dia é um reflexo dessas atitudes – cria-se um círculo vicioso: as atitudes agressivas de outras pessoas produzem o clima de insegurança que, por sua vez, gera atitudes agressivas.

Cabe lembrar que as crianças e adolescentes de hoje serão os adultos de amanhã e que, certamente, reproduzirão seus comportamentos da infância e juventude na vida adulta. A pedagoga estadunidense Frances Kendal, autora do livro “Superpais = Superfilhos”, de linha montessoriana, defende que a primeira procura da origem do mau comportamento de uma criança não deve ser feita na própria criança, mas nas pessoas que fazem parte de suas relações.

A pedagoga declara peremptoriamente que “Ao observar um mau comportamento da criança, deve-se procurar a causa primeiramente nas atitudes dos pais. Eles são a mais importante influência na vida da criança, e, portanto, o motivo mais provável dos defeitos infantis. Ao se comprovar que os pais não são os responsáveis por tal comportamento, deve-se procurar a causa nas atitudes das demais pessoas que se relacionam freqüentemente com esta, como outros parentes, amigos, professores, etc.”.

A autora se refere a crianças, porém, acreditamos que essa mesma metodologia deve ser aplicada em relação a adolescentes. A solução é a educação. Não há que se falar no processo de busca de uma sociedade mais harmoniosa sem um investimento maciço na educação e reeducação. Só assim se forma cidadãos conscientes e, porque não dizer, solidários...

Kendal aponta dez regras básicas para se educar bem um filho, as quais já citamos num outro texto publicado no Recanto das Letras e vamos repeti-las aqui porque julgamo-las de grande importância:

“1) Contanto que não prejudique outrem ou a propriedade alheia, todo indivíduo deve ter a liberdade de agir como julgar conveniente.

2) As crianças são seres racionais e lógicos que almejam a felicidade tanto quanto os adultos.

3) A única diferença importante entre os adultos e as crianças é a experiência.

4) Sempre que os pais não tiverem certeza de como reagir às atitudes dos filhos deverão perguntar-se: o que eu faria se estivesse tratando com um adulto?

5) Para a criança, o melhor aprendizado é aquele que se dá através do exemplo e da experiência. Os pais para serem respeitados devem tratar os filhos com respeito.

6) As três principais qualidades que se devem incentivar na personalidade da criança são: a independência, o amor-próprio e a individualidade.

7) As crianças não nascem com a necessidade de proceder às avessas, elas desejam, na verdade, ajustar-se aos padrões daqueles que as cercam.

8) Quando a criança se comporta incorretamente, deve-se procurar a causa, antes de mais nada, no próprio procedimento dos pais. Os pais constituem a mais poderosa influência sobre a vida da criança, sendo alta, portanto, a probabilidade de neles residir a raiz do mau comportamento.

9) Toda vez que um ser humano exerce a própria vontade há a troca da situação vivida pela situação preferida.

10) Se a aplicação destes métodos for por vezes penosa, deve-se levar em consideração que quanto mais cedo forem postos em prática, menor será o sofrimento e mais rapidamente todos se beneficiarão. Trata-se do princípio do sofrimento a curto prazo pela satisfação a longo prazo.”