COISA DE TERESAS

A Teresa estava esperando seu segundo bebê. O primeiro tinha sido uma bela menininha! Já estava quase na hora do parto, por essa razão foram logo para a Maternidade, pois a primeira menina tinha nascido rapidinho!

Já era noite alta. O hospital estava sossegado, quase não tinha ninguém perambulando por ali, somente os funcionários transitavam em seus afazeres.

Na sala de espera, onde os papais curtiam seu nervosismo, o marido da Teresa encontrou outro sofredor, esperando seu terceiro filho. Estava o pobre do homem disposto a esperar o resto da noite, pois sua mulher sempre demorava muito para ganhar o bebê.

Travaram a mesma conversa de sempre: quantos filhos, se eram meninos ou meninas, se continuariam a ter outros; falaram do trabalho, do futebol, até de política, pois o marido da Teresa era um apaixonado por ela. Pela política, e pela Teresa, é claro!

Nesse papo, descobriram que a outra senhora também se chamava Teresa. Puxa! Que coincidência, heim?!

Passou um bocado de tempo e, de repente, a enfermeira entrando na sala interrompeu a prosa e participou:

- A Teresa ganhou uma menina, estão bem, as duas.

Na mesma hora o marido da primeira Teresa, acostumado à pressa de sua esposa, levantou-se todo feliz, foi cumprimentado pelo companheiro de espera e, avisado de que teria que esperar um pouco para vê-las, foi mais do que depressa para o telefone avisar a família. Já saindo, ainda escutou a enfermeira dizer:

-E se parece com o senhor!

(-Não sei onde ela se parece comigo! Imagina com esta minha barba toda!)

Ligou para a sogra, irmãos, tios, todo mundo que aguardava afinal aquela notícia com tanto carinho.

Chegou a pensar: não foi desta vez que veio o menino, mas não importa. Mais uma menina, vai ser muito bom!

Voltou para a sala de espera a fim de aguardar a hora de poder vê-las e também fazer um pouco de companhia para o outro. Só que a sala de espera estava vazia. Será que o moço também já era papai de novo? Deixou-se ficar ali esperando.

Depois de um tempinho, chegou uma outra enfermeira e chamou-o pelo nome. Levantou-se todo feliz de poder ver a mulher e a filha, mas a moça lhe disse:

- O Sr. acaba de ser papai de um belo garotão.

- O que? Mas não foi uma menina?

- Não senhor, a menina é da outra Teresa e daquele outro senhor que estava aqui. Seu filho mesmo nasceu agora.

- Que confusão eu fiz! Como o parto foi rápido, pensei que era minha mulher. Afinal aquele outro senhor tinha dito que a mulher dele era demorada! Nossa, misturei tudo!

Pensou: e agora que faço? Já é madrugada, acho que não convém acordar a família toda para desfazer o engano. Deixa estar. Amanhã eu ligo pra todo mundo de novo.

Imaginou as boas risadas que isso ia provocar na família e como iriam fazer gozação com ele. Mas nada disso tinha importância agora.

E lá se foi todo feliz curtir seu garotão e abraçar sua Teresa.

Uns 10 anos depois, num supermercado, as duas famílias se encontraram e as duas Teresas puderam apresentar seus bebês, agora aquelas crianças lindas: o que não era menina e a que não era um garotão!

Para a Teresa e Fred,

E também para o Frederico, que foi menina por um pouco tempo! (ainda bem!).

Com carinho.

26/10/00

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 29/05/2008
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