Caos

A bagunça do quarto reflete bem o estado de espírito. Tudo fora de ordem, assim como os sentimentos aqui dentro, tudo misturado numa completa baderna.

É assim que eu me sinto, numa baderna... No meio de um redemoinho, que a cada vez que passa traz a desordem, caos.

Ah, o caos! Chegou sem bater à porta, deixou as malas no corredor e já se acomodou confortavelmente no sofá. Hoje ele é meu companheiro, faz parte dos meus dias e das minhas noites...

Se instalou na minha vida e já avisou que veio pra ficar, que não vai-se embora tão cedo porque encontrou um lugar muito bom para ocupar... Um espírito em crise, uma alma que não sabe nem de onde veio nem pra onde vai. Ele está se sentindo em casa!

E eu? Como eu fico nisso tudo? Não fico, vou vendo a balbúrdia se instalar. Assisto a tudo, como se estivesse assistindo ao filme da minha própria vida. Não por comodismo, até tentei argumentar com o caos que ali não era um bom lugar, mas ele não me ouviu, fingiu que estava dormindo.

È um sujeito engraçado mesmo, pensa que eu não vejo que enquanto eu durmo ele bagunça todas as coisas que eu havia arrumado, os livros, os amores, as amizades, os discos... Ele pensa que eu não vejo que ele esconde minhas coisas, bagunça minha agenda, e mexe no meu despertador. Ele pensa que eu não vejo que ele apaga todas as minhas pegadas, todas as coordenadas do mapa da minha vida.

Carla B
Enviado por Carla B em 28/05/2008
Reeditado em 16/01/2012
Código do texto: T1009792
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