O VIOLEIRO E A FLOR DE LÓTUS

Anoitece e estou aqui sentado, ponteando de leve minha viola.

A lua me favorece a visão. A noite não é quente nem fria em demasia.

Estou à espera do momento mágico. Aquele momento único da noite, de ver abrir a flor de lótus, enquanto a viola chora sob meus toques.

Não o lótus branco que, de tão tímido, se abre ao anoitecer e fecha-se quando amanhece. Espero pela mais bela flor de lótus. A única de pétalas em rosa e azul. A que está sempre ladeada por duas borboletas, uma rosa e outra verde. Para ela ponteei e cantei noites e dias.

Espero vê-la surgir, magnífica e exuberante, como sempre. Espero para sentir seu perfume único e tocar a delicadeza de suas pétalas.

Muitos a desejam, outros tantos a querem. Outros, apenas, a admiram. Ao lembrar-me disso, a viola pede para ser tocada em tons menores e as notas soam tristes.

Já a tive em minhas mãos, a flor de lótus, momentos de extrema felicidade que, desejei, durassem pelo resto de minha vida. Senti sua textura, sua maciez e seu perfume único, inebriante. Entretanto, tive que deixá-la, esperando voltar para a recolher. Mas ainda não está pronta para isso, tampouco eu. Há que nos prepararmos para tal e é o que faço.

Preparo o terreno para nele instalar aqueles dois lagos verdes, que trazem consigo a mais bela flor. Aquela que poucos conhecem de perto, com a qual todos sonham. Minha flor de lótus.

Júlio Marques
Enviado por Júlio Marques em 26/05/2008
Reeditado em 13/11/2012
Código do texto: T1006379
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