Não bebo, não fumo...
Depois de ter escrito sobre o quão fora de moda eu sou, sobre não usar maquiagem, não ser maluca por sapatos e por salão de beleza, cá estou para falar de mais uma das minhas atitudes intoleráveis pelo comportamento padrão. E agora, não só o feminino. Acredito que me colocaram um chip com defeito quando fui fabricada.
Meu marido e eu não temos o hábito de fumar e nem de beber. Sobre o fumar as pessoas até que aceitam bem, mas sobre o beber...
- Ah, mas tu bebe socialmente né?
- Não, eu não bebo mesmo.
- Nem em festinha? E no Natal? Ano novo?
- Não. Nem gole de brinde eu bebo. Não bebo nunca. Nada. Em minha casa não existe bebida alcoólica.
- Não bebe, não fuma...Faz sexo pelo menos?
- Sim, isso eu faço e muito bem feito, modéstia a parte. Mas o que tem isso com o fato de beber ou não?
- Nada. Só tô brincando. É estranho alguém não beber. Pode beber socialmente, não precisa tomar porre.
- Para mim não existe beber socialmente. O que acontece é que as pessoas bebem para que não se sintam excluídas. Mas eu resolvi assumir que não bebo. Eu realmente não gosto e já estou acostumada a ser vista como uma estranha no ninho, como um patinho feio por causa disso.
Diálogos como esses são freqüentes na minha vida e na do meu marido. Não bebemos nenhum gole de bebidas alcoólicas porque não gostamos, mas parece que o ser humano tem a obrigação de beber. As pessoas bebem para bonito, bebem para mostrar que correspondem ao que a sociedade considera normal. São poucas as pessoas que bebem porque realmente gostam do gosto da bebida.
Se não fosse assim, teríamos menos acidentes de trânsito causados por bêbados inconseqüentes e menos homicídios e agressões em família. Teríamos menos jovens enchendo a cara e roubando o carro do pai ou matando um outro jovem numa briga de bar. E enquanto se discute tanto a legalização da maconha, a população e as autoridades deveriam se preocupar é com as drogas já legalizadas que são as que mais causam danos às pessoas.