MUDANÇAS...
Nadir A. D’Onofrio
Foram tantas!
Lá no passado distante um ser microscópico, atleta, nadador veloz!
Para a ciência, uma célula apenas, numa disputa audaz para o encontro fatal, espermatozoide e óvulo.
Que alegria, ser vencedor!
Tudo tem seu preço, satisfeito ele paga o dele!
Perde a cauda, mergulha de cabeça na massa gelatinosa, em seu núcleo sente, vaidade!
Afinal, lutou por essa conquista, ali, é o seu lugar no alto do podium!
Ledo engano, sem entender o porquê sofre novas mutações sendo, dividido, multiplicado.
De minúscula célula, transforma-se em, inúmeras!
Novamente uma forma diferente, soube, que era embrião, feto!
Sentiu a sensação do frio, em uma segunda-feira, noite de lua cheia, no momento em que nasceu.
E uma voz, chorosa ouviu, uma linda menina!
Eu, enrugada, lambuzada, avermelhada e banguela!
Como, poderia ser linda?
Para as mães, tudo é possível!
Alterações sucedendo-se, bebê, criança, púbere, o corpo da menina magricela, toma formas
arredondadas, transforma-se em adolescente!
Alterações do humor, comportamento, mudança da cidade natal, escolas, adaptações profissionais.
Revoltas, indignações, dúvidas, questionamentos, geravam respostas insatisfatórias.
Você é adulta, para pensar, agir assim!
O tempo, encarregando-se de tudo a pele sedosa, porcelanizada vai perdendo o viço, enrugando novamente.
Cabelos branqueando, e o ser continua sendo levado, uma Força Maior instiga, direciona, impulsiona!
E volto, a mesma situação primária, em que nadei... nadei... nadei, sem querer perdi minha cauda!
Agora entro na fase da senilidade, de todo aprendizado adquirido, só resta a certeza, caminho para morrer!
Quem foi privado da cauda, perder o corpo, não fará mínima diferença!
Assim é o início e fim, sucumbir no pó, a alma a tudo assistirá, no derradeiro momento sairá, ilesa, soberana!
21/02/2007-11:40
Santos/SP
Mid Site do Escritor: sheperd_moos (Enya)
Imagem Ilustrativa:
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