UMA GRANDE DECISÃO:
“flu... FLA!!!”
Uma família flamenguista,com certeza...
Naquela casa,tudo relacionado ao esporte lembra sempre o Flamengo,o “campeão de terra e mar”...O avô materno,porém,é Fluminense” de coração,como também o era o avô paterno.Ao nascer o primogênito,o primeiro neto materno,não se sabe se por “herança genética oculta”,ou por qualquer outro motivo que até hoje ninguém explica,passou ele a ser o mais novo ‘flamenguista” da família.
Para alegria de todos,dois anos e três meses depois,nascia o segundo meninoMuito contente,o avô paterno presenteou-o com uma minúscula camisa esportiva. Do Fluminense,é claro!
E muito contente ficou também o avô materno,com o nascimento do novo neto e com o gesto do outro avô.
Apesar das diferenças esportivas,cresciam os dois irmãozinhos,torcedores fanáticos, cada um de seu time,na maior tranqüilidade e numa doce paz.
E cada avô mais feliz se mostrava com o pequenino ser que iria alimentar,com um novo sangue,as suas veias desportivas.Vibravam de felicidade,por terem um neto que verdadeiramente “vestia a camisa ‘ de seu time “o time tantas vezes campeão’...
Durou pouco,porém,este sonho futebolístico.
As coisa mudaram bastante.
Por volta de seus quatro aninhos de idade,o pequeno torcedor do Fluminense tomou, talvez, a primeira decisão séria de sua vida,mas sem fazer o menor comentário com quem quer que fosse. Provavelmente, ele se sentia sozinho, isolado,durante os jogos do Fluminense, principalmente nas partidas de “Fla x Flu”.
Até que tomou a sua decisão.
Certo dia,indo a sua casa,o avô materno levou um belo encarte colorido de um jornal,com a foto oficial do Fluminense,que havia sido campeão naquele ano.Segurando com ambas as mãos a página aberta,dirigiu-se ao neto “torcedor do Fluminense” e disse:
- Olha só,meu netinho,a foto do nosso time! Campeão!!!
Ao ver o avô com toda aquela alegria,o pequeno torcedor,que,secretamente,já havia tomado a sua decisão,sem nada dizer,saiu da sala e foi direto para o quartoAo retornar,poucos minutos depois, impecavelmente vestido,“a rigor”,com o uniforme do Fluminense, encostou-se na parede, junto à janela, e, perfilado, do alto de seus quatro aninhos,olhando muito sério para o avô, ainda com o jornal aberto na mão,disse-lhe:
“Vô,olha bem para mim!É a última vez que você me vê com este uniforme...De hoje em diante, eu não sou mais deste time.Agora,eu sou... Flamengo!!!
Difícil é comentar a fisionomia de decepção do Vô, que via no netinho um herdeiro de seu amor pelo Fluminense.E o avô paterno,ao tomar conhecimento do fato,muito triste ficou também, lembrando-se da pequenina camisa do Fluminense que dera ao netinho:quando nasceu.
Porém,o mais interessante é que,até hoje,perto de completar seus 25 anos,ele tem,pendurado na parede de sua casa,um pôster em que,agachado, está segurando uma bola sobre um dos joelhos,e,o mais curioso:com o uniforme de “seu” ex-time.
E como é difícil e complicado explicar o “caso” aos colegas e amigos quando o vêem fantasiado.de Fluminens.Ele,um “flamenguista doente’!
Esta foi,com certeza,a primeira “grande decisão” que tomou em sua existência aquele menininho de ontem que,até hoje,só tem dado alegria a seus pais,irmão, avós e a todos que com ele convivem,pela firmeza de todas as decisões em sua
vida.
Ao querido neto Carlos Henrique, com aquele carinho de sempre.
Vó Alda
Niterói,23 de junho de 2006