Tristeza

A tristeza bateu em minha porta.

Eu não abri.

E a disse: _Vá embora.

Ela insistiu, e no momento eu quis fugir.

Não sei o que me deu, não pude reagir.

Eu já estava fraco, aparência de cansado,

Mas mesmo assim, não havia motivo pra ela vir aqui.

O que ela queria afinal?

Eu estava bem, aparentemente até feliz.

Quem a enviou ali?

Eu abri a porta e deixei-a entrar.

Ela disse pra eu ter calma, que não iria demorar.

Quis pegar intimidade, até deitou-se no sofá.

Perguntei o que queria e não soube me responder.

Havia ficado muda, e fingiu não entender.

Então, pedi à Tristeza que saísse, que ela não podia ficar,

Que não era o que eu queria e ali não era seu lugar.

Ela me respondeu de um jeito fria, sem querer me assustar,

Disse para ficar tranqüilo que eu iria me acostumar.

Eu me tranquei no quarto e lá estava a Tristeza:

_Inconveniente. Saia daqui e tire essa idéia da cabeça!

Parecia que era minha, aquela situação.

Ela estava ali e ao mesmo tempo não.

Tirei lembranças boas do fundo do coração.

Percebi que a Tristeza estava sozinha, e não trouxera a Solidão.

Acho até, que isso é coisa da minha imaginação.

Insisti que se retirasse, e desta vez me dera atenção:

_Vá embora de uma vez, aqui pra ti, não há lugar.

Esqueça meu endereço, nem preocupe-se em voltar!

De fato ela se foi, e dela não senti saudade.

Tenho mais a que me preocupar, com minha felicidade!

Que dessa ei de cuidar!

O engraçado é que ao sair ainda fez questão de me alertar,

Deixando um bilhete amassado, em cima da mesa:

_Estou ligada em teu vacilo, a qualquer tropeço eu vou chegar...

Olhe para a sua vida e procure enxergar a beleza,

pois se não a reconhecer, lembrar-te-á de mim!

Ass: Tristeza.

Filha da mãe...

Maximiniano J. M. da Silva - quarta, 09 de Abril de 2008

Max Moraes
Enviado por Max Moraes em 25/05/2008
Código do texto: T1004712
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