Nada a ver na TV
Cheguei em minha casa como de costume. Era um daqueles dias de tédio em que procurava algo para matar o tempo. Sintonizei o rádio, tentei ler um livro, até que resolvi ligar a TV. Procurei uma imagem ou mensagem que me atraísse na telinha. Passei por todos os canais e programas diferentes até concluir: Não tem mesmo jeito, a televisão está poluída - virou mídia do “lixo” e precisa de uma reciclagem urgente! Nela prolifera-se a falta de senso crítico dos telespectadores ou seria a ausência de ética dos produtores de programas?
A cada minuto em frente da telinha não conseguia parar de ter pensamentos nostálgicos dos tempos em que as famílias se reuniam à mesa para almoçar e em que as crianças brincavam nas ruas de pique-esconde e rouba-bandeira. Naquela época elas aprendiam com a vida e com os pais. Hoje, elas dispõem de uma “babá” que ao invés de educá-las, ensina a elas a inveja, a cobiça e o prazer de dançar músicas nada infantis.
A minha esperança está na nossa criatividade que não acabou: ainda temos qualidade musical, teatral, artística, mas pouco ou quase nenhum incentivo. Admiro-me com o que passa nas paradas de sucesso e tento minuciosamente desvendar o critério para a escolha dos programas para ocupar horários nobres na TV.
Pode parecer que este assunto não tenha nada a ver com você, mas saiba que as suas escolhas determinam os caminhos de um país. Enquanto meu tédio aumenta, transito pelos canais e estou a ponto de ter um colapso nervoso. Espero uma mudança na televisão e na sociedade brasileira. Afinal, a nossa cultura não pode ter como parâmetro o Ibope.