Casamentos modernos

Houve um tempo em que o casamento foi uma instituição necessária para a vida humana sobre a terra. Feito de forma arranjada. Arranjava-se uma clava e babau... depois era só arrastar a escolhida para a caverna pelos cabelos. Mais tarde arrumou-se uma nova utilidade para a clava, não desta forma que você está pensando, foi para bater noutros homens, para que estes tirassem o olho da nossa caçada, uns até arrastavam estes homens para as cavernas, mas isso é outra história.

Tempos depois passaram a respeitar mais as mulheres, como ouro, elas eram trocadas por poderes imperiais nos arranjos casamenteiros. Teve até guerra por uma tal de Helena, num tempo que os homens se arranjavam de modos pouco ortodoxos. Depois a igreja adonou-se do casamento, fazendo-o sagrado. E lá vinha o padre dizendo:

- Até que a morte os separe! Eu vos declaro marido e mulher.

Estava lá, Marcinha, no seu décimo quinto casamento. Não era permitido pela igreja, mas o padre era um ator contratado. Pela décima quinta vez, a madrinha era a mulher perfeita, a loura Tininha, que não acreditava muito em casamento, mas estava há muito tempo junto com o Cacá, mas nem morta confessava quantos anos.

- Um brinde a Marcinha e o João Carlos.

- Tininha, João Carlos era meu marido numero doze, ou era o onze? Não lembro, direito, mas este aqui é o Anselmo.

- Querida meu nome é Lucas.

- Sorry!

Não era fácil. Intimamente chamava todos pelo mesmo nome.

- Meu bem.

Não era assim um gosto de casar. Gostava mesmo da festa. Dizem, tinha até patrocinadores, outros diziam que enquanto ela casava, já tinha uma equipe preparando o próximo, era uma maldade, obviamente, afinal era um casamento por ano, apenas.

- O interessante é a festa.

Eram festas gigantescas. A imprensa fazia uma ampla cobertura, e cada ano, mais gente vinha para ver quais eram as novidades, sempre lançando moda, eram vestidos desenhados pelos melhores estilistas. Numa destas festas teve a presença de um príncipe Árabe que foi seu futuro ex-marido, o de numero sete. Ainda mais agora que tinha um site na Internet para divulgar as fotos.

O maior sonho da Marcinha era quebrar o recorde de casamento que pertence a uma certa pop star americana que durou menos de quarenta e oito horas, um dia ela chegaria lá. Apesar de ter afirmado que este sim seria o ultimo, e olha que a Marcinha nunca dizia isso.

- Agora sim, achei minha alma gêmea. Até que a morte nos separe.

Mas por via das duvidas, pegou os catálogos de dois novos estilistas presentes na festa. Quem sabe!

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 25/05/2008
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