Carcamanos & Tedescos

"Um saco de confete para pôr fim a uma história escabrosa.

Livrai-vos de cuspir para cima! " (F.W. Nietzsche- in Ecce Homo)

O escândalo do lixo na Itália começou há muito, antes da Parmalat falir naquele imbroglio de proporções globais, igual ao lixão de Nápoles. 50 mil toneladas. Há um filme com a Sophia Loren chamado Ouro de Nápoles. Tem também a pizza napolitana e a máfia siciliana. Agora eles estão literalmente cuspindo para cima.

Exportaram a pasta nostra e vostra que tornou toda a humanidade obesa. Os americanos, naqueles enlatados cujas estórias se passam nos guetos do bronx ou do brooklin, todos eles rasgam pedaços de pizzas e as devoram como se fossem pernas de carneiro nos acampamentos primevos de Asterix & Obelix. E ingerem as bebidas direto dos gargalos...

Em 1997, nos arredores de Vicenza e Veneza, vi que as montanhas de descartáveis já eram monumentais nas vias apias e pontes dos suspiros. Constatei, também, o quanto os italianos são vaidosos, soberbos, machistas e gastadores. Um relógio de pulso lá valia o mesmo que um sedan. Eles continuam odiando os alemães com um ímpeto mais forte do que o "espírito" do vinho chianti e o ardido da pimenta calabresa. A lira estava desvalorizadíssima. Orfeu, o inventor do instrumento musical do mesmo nome, feito a partir de um casco de tartaruga e três cordas de tripas secas de carneiro, devia estar se revolvendo nos Elísios, inferno de heróis e deuses gregos. Um copo de cocacola custava três reais. Um pêssego importado valia cinco. E os italianos faziam a conversão e a conversação toda em dólares, já no "bonna sera" matutino. Quase nunca se diz "bon giorno". Dizem que o Lula, em audiência papal no Vaticano, escorregou no piso de mármore travertino e se estatelou, um pouco antes de ser recebido por SS com o clássico bonna sera. Nosso rústico pernambucano do semi-árido disse: boa cera, nada. É muito escorregadia (e noite, naturalmente).

Voltemos aos carcamanos, alcunha jocosa criada no Brasil à época da vinda dos emigrantes italianos para cá. Deve ser relativo a mãos, qualquer mão, falar com as mãos, gestual maníaco. Os italianos odeiam os alemães, isto é: carcamanos e tedescos se engalfinham, desde o III Reich e a WWII. Foram se aliar...Fascistas $ nazistas, todos de ultradireita, radicais e reacionários. Viraram aliados e cúmplices e colabora-dores. É inevitável o ódio ferrenho depois dos conchavos. Dizem que até o papa Pio XII, pietíssimo e sapientíssimo, foi um colaborador (discreto e sob cortinas adamascadas) do Führer.

Os italianos são materialistas, adoram e importam carros alemães de luxo, Audis, BMWs, Mercedes Benz. Jogam e apostam muito. São loucos por perfumes e jóias.

Agora exportam por via férrea seus montões de refugos para a Alemanha. Os tedescos viraram receptadores do lixão carcamano. La vendetta es un piatto qui se manja freddo. Não sei italiano, nem sou obrigada a saber. Agora vemos a guerra quente entre eles. In loco, numa paródia macabra de Pompéia sob as lavas do Vesúvio (ou Etna?)e da crepitância do piromaníaco Nero, enquanto a Cosa Nostra passa para lá da fronteira dos ex-aliados. Todos se eximem, lavam as caras na operação mãos sujas que não ficam limpas e pagam a conta em euros. Mas não baixam a crista. São como o Riquette do Topette, de Charles Perrault. Ah! E os cremes são franceses, as zibelinas siberianas e as mammas são as madonnas, mesmo sendo elas (ou algumas delas) Medusas, Megeras ou Messalinas.

Na Itália quando se pergunta sobre Munique eles se fazem de desentendidos e respondem que Mônaco é logo alí...Comprei uma passagem de trem de Veneza para Munique. Depois devolvi. Isto é outra estória. Creio que fiquei fóbica e gélida ao lembrar dos vagões repletos de judeus e soldados da Gestapo e SS naqueles trllhos enregelantes. Vila Velha, 21/05/08.

Berenice Heringer
Enviado por Berenice Heringer em 24/05/2008
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