Muralha da morte
Rua Emília Guimarães, Catumbi; talvez eu nunca mais esqueça esse endereço. O dia tinha tudo para ser uns dos melhores de minha vida, o sol estava brilhante no céu, a minha nega estava linda como sempre e eu continuava esperançoso para vender toda mercadoria na praia, o porta mala estava abarrotado de cerveja, sabe como é que é né, tenho que interar meu dinheiro fazendo bico nos finais de semana. Decidi fazer uma compra de salgados para comer durante a venda de bebidas, o único bar que estava aberto no feriado era o da Rua Emília Guimarães, é rua sem saída e no final dela tem um paredão antigo, estilo medieval, feito de pedras bem grandes, me faz lembrar as fortalezas de filmes ingleses; enquanto eu estava no bar pegando os salgados minha nega estava no carro, vi uma moto com dois indivíduos passar, todos os dois com fuzis pendurados, eles chegaram ao fim da rua falaram algo e voltaram até o bar onde eu me encontrava, já chegaram perguntando quem eu era e o que estava fazendo ali, eu muito nervoso falei que apenas estava pegando uns salgados do bar, pois era o único aberto nas redondezas e como se a minha resposta não os agradasse mandaram que eu os acompanhasse, e lá fui eu em direção ao muro de pedras. Quando cheguei um bandido que estava com uma pistola desceu por uma escada e colocou a arma bem em minha cabeça dizendo que eu era polícia, eu disse que não era, mas algo estava acontecendo, parecia que eles estavam querendo mostrar algo, talvez força. Não demorou muito para que minha nega viesse gritando que não atirasse, pois eu era apenas um trabalhador, por incrível que pareça o cara ouviu e tirou a arma da minha cabeça, como foi um alívio ver aquela arma abaixada, eu fiquei tremendo de nervoso, mas alegre por não virar mais uma vítima do tráfico do RJ.
Ele mandou que saíssemos correndo em direção ao carro, é claro que obedecemos sem pestanejar, mas confesso que a cada dia fico mais decepcionado com essa cidade maravilhosa.