Interlática

A invasão de tecnologia que atinge o nosso século brevemente conseguirá trocar o homem de carne pelo homem-robô, e não me refiro aqui às maravilhas eletrônicas ( mecatrônicas e outras ‘ônicas’ do gênero) que surgem como fruto de pesquisas milimetricamente calculadas na engenharia eletrônica, que em sua grande maioria buscam garantir mais conforto e facilidade para a sociedade moderna. O homem, no auge renascentista do século XXI, e como espécie animal mais evoluída, deve desempenhar o seu papel fundamental para a coletividade: pensar. Por isso a troca incansável dos movimentos humanos por movimentos robóticos, até que seja possível cessar nossos esforços físicos e simplórios.

O esforço pelo desenvolvimento tecnológico, no entanto, têm sido tão valorizado que sua importância ultrapassa os limites do necessário, chegando então a suprimir o comportamento do homem na sociedade, restando assim a mínima exigência de contato físico entre nós, os racionais. Nossa forma de estabelecer contato entre si é facilitada a cada invenção, automatizada e instantânea, rompendo limites territoriais e visuais por um simples botão, bem ao alcance das mãos; os contratos são fechados por e-mails, telefones, fax, rádio... a internet infiltrou-se pelos quatro cantos do mundo, e fez o mundo virar um só, padronizando comportamentos, opiniões e costumes, fundindo milhões de culturas em uma nova era social.

Não há como desprezarmos todas as memoráveis melhorias que nos têm trazido essa rede global de comunicação, mas pergunto-me até que ponto o homem terá o controle, e a partir de que ponto será ele controlado? A tecnologia é nossa nova ditadura de comportamento, onde o nosso comportamento é comportado em sinais controlados por satélites, há milhões de km de nós.

Mudaram-se os hábitos, pais e filhos se distanciaram e as brincadeiras infantis transformaram-se em jogos eletrônicos de ação e violência. E nem mesmo um romance começa mais a partir de olhares cruzados. A mídia impõe seus padrões, controla as preferências e domina a sociedade de mercado que aprendemos a nos tornar. Hoje são perfis e fotos que nos apresentam ao mundo, que nos acham parceiros e que nos trazem contatos profissionais.

O homem tem deixado de ser homem, reduzido a uma simples página num site de relacionamento, a um endereço eletrônico de contato, a um aparelho celular... Estamos vivendo para deixar de lado a humanidade que existe no contato enquanto evitamos o desgaste pessoal, mas acabamos esquecendo que dessa humanidade também fazemos parte. Queira o homem ou não.

Ie
Enviado por Ie em 22/05/2008
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