Sentido da Vida
Sentido da Vida
O telefone tocou. Atendi e a doce voz da minha amiga Sônia, saudou-me e entristecida me disse: “Carlinhos faleceu anteontem e eu vou hoje visitar a família dele.” Falamos mais um pouco e nos despedimos.
Fiquei sentada onde estava e as lembranças de Carlinhos surgiram. Foi o primeiro colega da turma de calouros de Filosofia que sentou-se ao meu lado para falar comigo. Isto, há uns nove anos atrás. Eu nos meus 78 e ele nos seus 18 anos. Olhos claros sorridentes, crença na vida. Contou-me que queria ser professor. Falei que eu era aluna ouvinte e realizava um sonho –estudar Filosofia. Procurar respostas para uma porção de perguntas que eu vinha me fazendo há anos.
Lembro também que uma colega que nos ouvia meteu-se na conversa e disse: “A senhora com essa idade! O que veio fazer aqui? Devia ficar em casa descansando.”
Olhei-a, era uma moça de feições fechadas lá pelos seus 36 anos. Então respondi: “Acho que a mesma coisa que tu –melhorar.” Ela não gostou do que ouviu, levantou-se e foi embora. E nunca mais olhou para mim.
Carlinhos e eu continuamos falando sobre nossos planos. Procurávamos um objetivo para nós e que também beneficiasse os outros. Os dois com a vida pela frente, sem preocupação com o tempo.
Saudades do Carlinhos.
Elsa Balbão Pithan
(22/05/2008)