NO MEIO DO CAMINHO TINHA A TUBERCULOSE, E CONTINUA TENDO TUBERCULOSE NO MEIO DO CAMINHO
Você provavelmente não conhece ninguém que tem, teve ou morreu de Tuberculose, até porque pessoas infectadas por essa doença contagiosa têm características específicas, que hoje praticamente se desenvolvem em locais específicos, frequentada exclusivamente pela parcela que compõe a base da pirâmide social.
Embora milenar, e hoje dispondo de gratuidade de diagnóstico e tratamento pelo Sistema Único de Saúde, alguns fatores impõem sérios obstáculos de acesso da população aos cuidados necessários a sua cura, como à adesão ao longo tratamento, e que acabam propiciando a continuidade na cadeia de transmissão da doença.
O desconhecimento dos sintomas dessa doença por profissionais de saúde contribui para um possível adiamento no início efetivo do tratamento da doença.
O oportunismo dessa doença veio à tona com o aparecimento da AIDS, a associação das duas doenças promoveu óbitos indiscriminadamente até o surgimento dos coquetéis antivirais.
O Brasil hoje desponta como a principal preocupação da OMS na América Latina, o crescimento de casos novos e mortalidade pela tuberculose têm sinal trocado em nosso território, enquanto a doença recrudesce no mundo, por aqui, no período pós pandemia, cresceram infectados (84.308) e óbitos (6.025) pela tuberculose.
Para nós moradores fluminenses as notícias não são alvissareiras, ocupamos a vice liderança nesse nefasto ranking do coeficiente casos novos e também da taxa mortalidade, perdemos apenas para os amazonenses, e olha que esse torneio conta com vinte sete unidades participantes além do Distrito Federal.
O perfil das vítimas guarda características bem conhecidas por pesquisadores do fenômeno: pelo menos 2/3 dos infectados são do sexo masculino e destes outros 2/3 é composto exclusivamente de pretos ou pardos.
Em 2024, casos novos com maior vulnerabilidade apresentaram a seguinte composição: 8,1% dos casos são de pessoas privadas de liberdade, 3,6% daquelas em situação de rua, 1,0% de indígenas e finalmente 0,6% de imigrantes. Vale lembrar, que estas proporções variam de acordo com características de cada unidade federativa.
Outra vez a fração 2/3 aparece refletindo outra estatística da tuberculose se refere à proporção de cura da doença. Por outro lado, um em cada sete pacientes acaba abandonando o tratamento, e mais tarde, vão arcar com drásticos efeitos colaterais do retratamento.
Para quem reside na cidade do Rio de Janeiro, a notícia também não é das melhores, casos novos e óbitos dela por aqui praticamente equivalem aos auferidos entre paulistanos, que contam com o dobro da população carioca.
Consultando um mapa temático dos casos novos de Tuberculose em 2024, fica evidente que o problema no RIO é praticamente insolúvel, as características físicas dos pontos de maior prevalência de casos coincide com os grandes complexos de favelas (Rocinha, Alemão, Maré, etc.) e também nos principais complexos prisionais da cidade (Gericinó, Benfica e Água Santa).
Como será possível reverter a qualidade de vida para moradores desses complexos comunitários, que continuam ampliando sua população na base de adensamento populacional e construtivo, em localidades de precária infraestrutura básica, o que propicia a indiscriminada proliferação da doença.
Quando se observa dados específicos de casos novos da região de Bangu, fica patente o peso da população carcerária do Complexo de Gericinó.
Vale lembrar, que a população de rua também se mantém em crescimento, função de sua inerente vulnerabilidade social, diretamente associada ao acúmulo de comorbidades, se constituindo num vetor de difícil controle da doença.
Portanto, fica difícil pensar na eliminação da doença em médio prazo de tempo, única solução viável para o fato, seria a produção de vacina contra a Tuberculose, que literalmente livraria o país dessa vergonha internacional.