Em todos os anos vasculhando comentários de redes sociais, vi muitos comentários ofensivos contra a Rede Globo (e confesso que muitos desses foram meus). "Globosta", "Globolixo", "Globo destrói famílias" e por aí vai. É quase uma regra geral de uma grande parcela da população odiar a emissora do (nada) saudoso Roberto Marinho. Porém, acho que o motivo que as pessoas odeiam esse canal está um pouco distorcido e, as reais razões pra se odiar, estão sendo deixadas de lado e é disso que eu quero falar.

     Primeiramente, sim, a Globo coloca na sua grade de programação pautas LGBT, empoderamento feminino, questões raciais e todas as minorias. Isso gera uma grande aversão por parte dos conservadores e a alegações de que existe um interesse em "destruir a família tradicional cristã". Só temos um grande porém aqui: a Globo trata as questões de minoria de maneira mercadológica e nunca fala da emancipação de classe. Você pode ser o que quiser, desde que não mexa nos nossos interesses. Empoderamento feminino é tratado como um meio para consumir produtos de beleza que, obviamente, suas marcas investem um dinheiro bem "gordo" na emissora. Para tanto, não é sobre questões de identitdade que a Globo me irrita, são outras coisas.

     No dia 26 de abril de 1962 o jornal O Globo lançou um editorial que tinha como título: Considerado desastroso para o país um 13º mês de salário. Já no dia 18 de maio de 2025, uma pesquisa da FIEMG foi publicada assim: Fim da jornada 6x1 teria impacto negativo no PIB de até 16%, diz estudo. Ambas as notícias mostram o lado em que a emissora está (e não, não é ao lado do trabalhador da fábrica ou do UBER que vai à igreja no domingo e é casado ou do LGBT que labuta num escritório e nem da feminista que faz sociologia na USP). A Globo milita em pról do baronato brasileiro. Dos grandes barões do agronegócio, dos banqueiros endinheirados, dos bilionários e eu quero dizer uma coisa sobre esses e outros tipos de ricos: eles não ligam se você é gay, hetero, conservador, católico ou trans. Eles vão impedir que você tenha ascenção de classe, seja pela via da educação ou crescimento no trabalho com progressão no salário. 

     Eu quero lançar aqui um desafio: me diga em qual desses projetos aprovados a Globo se posicionou contra: 1) reforma trabalhista no governo Temer; 2) PEC do teto de gastos também com Temer na presidência; 4) reforma da previdência do governo Bolsonaro. Em todas as pautas mencionadas houve uma defesa patológica da emissora. Lembro de assistir a Globo News em diversos "debates" sobre essas pautas (coloco entre aspas porque não tinha contraponto). Basicamente, a pauta dessa gente é: "seja o que você quiser, como quiser e do jeito que quiser, porém, continue pobre e ganhando pouco. O baronato brasileiro, apoiado pelo Partido da Imprensa Golpista, nunca admitiu pagar um 13º salário, jamais vai admitir que acabem com a escala maldita de trabalho, nunca vão querer aumento real do salário mínimo ou qualquer benefício ao trabalhador. 

     A Globo é a voz do grande empresariado brasileiro, que defende a destruição do patrimônio do nosso país, querem entregar as nossas grandes estatais estratégicas. São porta voz dos planos de saúde, que querem destruir o SUS. A emissora de Roberto Marinho, que hoje diz prezar pela comunidade LGBT, foi a grande beneficiada na ditadura militar. Defendeu os milicos com unhas e dentes e prejudicou o país de maneira quase irreparável. A Rede Globo é um problema, mas não por ser liberal nos costumes, é por ser ultra liberal na economia e ser contra os trabalhadores, sejam eles LGBT, cristãos ou o que quer que sejam. E, por todos esses motivos, eu odeio a Globo!