Cimento
No bairro as ruas fedem. Legisladores se preocupam com pautas morais. Excrementos, pedaços de sofá e pinos vazios decoram a esquina. Fecho o jornal e massageio as têmporas.
O problema é a música, a moralidade, os bons costumes que já não existem. O cidadão médio coça a barriga e ouve sertanejo universitário no celular.
Porca miséria.
Converso com um bem-te-vi que aparece todo dia na varanda de casa na hora do almoço. Debatemos sobre Diógenes, cinismo e estratagemas mais ou menos pragmáticos.
Tento trazer uma discussão geopolítica à tona, Porém ele levanta vôo e encerrar o diálogo.
Batem na porta, são os correios. Carta de um dentista que não visito há anos me desejando feliz aniversário.