DEMOCRACIA SEMPRE!

A MENTIRA TEM PERNAS CURTAS

Nelson Marzullo Tangerini

Uma música de Sting toca no rádio: “History will teach us nothing”. Trocando em miúdos: “A História nada nos ensinará”. Eu mudaria esta frase e diria: “A História nada ensinará aos autoritários, aos nazifascistas”. A História me ensinou muitas coisas. Ensinou muitas coisas a quem tem um cérebro sadio e entende que a História nos mostra o que não deve ser repetido pela Humanidade.

Os maus alunos do passado vêm fazendo, hoje, com que o Brasil autoritário ressurja das cinzas (ou saiam de seus armários) e sonhe com o retorno às trevas, aos regimes autoritários, que prenderam, torturaram e assassinaram opositores, que eram proibidos de pensar diferente ou não concordavam com o circo de horrores plantado em nosso país pela CIA.

Sejamos claros: o Brasil passa por um momento singular, porém perigoso, porque a extrema direita, maldosa, mentirosa, sedenta de sangue, espalha fakenews contra a democracia. Contestar os autoritários, brecar as maldosas fakenews, para eles, é impedir a liberdade de pensamento e de expressão.

Um dia desses, no Facebook, um mínion, com o coração e a alma repletos de ódio, chamava o escritor Marcelo Rubens Paiva de “aleijado” e “filho de pais comunistas”. É esta liberdade de expressão pregada pelo “gabinete do ódio”.

Faz uma semana, uma senhora, numa loja do Méier, dizia que Alexandre de Morais foi advogado do PCC, que defendeu bandidos. Percebendo a ignorância da tal senhora, resolvi entrar na conversa, não me contive. Perguntei se essa notícia foi publicada na imprensa. E ela me respondeu que a tal notícia lhe fora enviada pelo zap.

Continuei perguntando: se ela lia jornais, revistas ou assistia aos telejornais. E ela me respondeu que não, porque, segundo ela, a imprensa é petista. Ou seja: ela prefere acreditar nas fakenews. Enfim, conversar com um bolsonarista é o mesmo que conversar com um poste.

Como vemos, o bolsonarismo se tornou uma religião, seguida por um exército de fanáticos. Essa foi a herança deixada pelo capitão e pelos seus asseclas: irracionais seguidores negacionistas e fundamentalistas, que têm como objetivo desacreditar a imprensa e a História, que ora se reescreve. A continuar assim, os infiéis verão de perto a fogueira da inquisição.

Pelo visto, se vivo estivesse, Nestor Tangerini, meu pai, escritor, portador de deficiência visual (perdeu a vista direita) e física (perdeu o braço esquerdo), também seria chamado de “aleijado”, por, simplesmente, defender a democracia, como sempre a defendeu.

Desde quando tomou conta do cenário político, aquela família nefasta passou a idolatrar a ditadura, torturadores (Ustra) e investir contra a imprensa, as urnas eletrônicas, as mulheres independentes, os nordestinos, os negros e os gays. O capitão, certa vez, chegou a dizer que era favorável à tortura. E quem procurava ossos, era cachorro. Total desrespeito à memória daqueles que se opuseram à ditadura e perderam suas vidas.

Agora que estão na oposição, pois foram derrotados nas urnas, fazem pose de perseguidos, de ingênuos, democratas e até chamam Xandão de Agente da Gestapo. A pessoa que vomitou esta excrecência sabe o que foi o Holocausto? Sabe o que foi a gestapo?

O escritor, ingênuo, podia dizer que esses facínoras de hoje conversavam durante as aulas de História, e que, em casa, nem abriam seus livros, mas uma voz amiga me alerta, dizendo que conhecem, sim, a História, mostrando-me as motociatas de Mussolini, copiadas pelo capitão. “Eles querem a volta das trevas”, me alerta o amigo.

Assim pensei, porque Alexandre de Morais está longe de ser um “Agente da Gestapo”, bem como o atual governo está longe de ser um regime nazifascista. Ou comunista. Ou uma nova Venezuela. Não há campos de concentração no país, não há presos políticos, opositores não estão sendo perseguidos ou torturados. O capitão, inclusive, tem liberdade para andar de Jetski com o pastor Mala Feia.

Os golpistas, que tentaram trazer de volta o regime autoritário anterior ou os anos de chumbo, antes acampados nas portas dos quarteis, destruíram a Sede dos Três Poderes, quebraram vidros, cadeiras, um relógio histórico, rasgaram um quadro de Di Cavalcanti, defecaram sobre um pedestal, onde havia um busto de algum político famoso.

Eles pedem anistia. Como se nada houvesse acontecido em Brasília naquele 8 de janeiro de 2023.

Em tempo: Avisem à Michelle que a foto de Lula com uma camiseta pedindo “Anistia” retrata um outro contexto, em nossa História: pedia o fim da ditadura patrocinada pelos EUA. A Anistia pedida pelos bolsonaristas pede a liberdade para que fascistas destruam a democracia.

Sem anistia para golpistas!

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 21/03/2025
Código do texto: T8290967
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