Um dos meus grandes amigos, que é filósofo e está morando atualmente no Ceará a trabalho de campo, me enviou uma mensagem impactante e linda. Dizia ele que havia recebido das mãos de um homem bem humilde um papel um pouco amassado, escrito a lápis, letras borradas. Contou que, apesar das palavras terem devorado pontos, vírgulas e a própria gramática, foi uma das coisas mais belas que já tinha lido.

 

A essência daquela realidade, vinda de mãos tão calejadas pelo trabalho, e o sonho de um senhor apaixonado pela literatura o levaram a produzir, à sua maneira, algo que não precisava mudar uma só reticência. Tinha uma beleza digna dos seres raros que povoam esta terra com a humildade nas mãos que carregam um histórico pesado de uma vida difícil e um coração grandioso.

 

O relato me provocou emoção e profundo encantamento, pois compartilho da mesma opinião dele. E é por isso que eu amo a literatura!  Existem grandes escritores tentando sobreviver às esquinas da dificuldade.

 

O saudoso Ariano Suassuna percebeu a grandiosidade e a qualidade literária principalmente nos lugares e nas pessoas mais ligados à simplicidade e à aridez da vida.

 

A palavra é como a flor do cacto...

a sua beleza está em sua sobrevivência,

desabrochando de realidades tão áridas.

 

Até breve!

 

Sociofóbica
Enviado por Sociofóbica em 03/03/2025
Reeditado em 03/03/2025
Código do texto: T8276596
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