Um dos meus grandes amigos, que é filósofo e está morando atualmente no Ceará a trabalho de campo, me enviou uma mensagem impactante e linda. Dizia ele que havia recebido das mãos de um homem bem humilde um papel um pouco amassado, escrito a lápis, letras borradas. Contou que, apesar das palavras terem devorado pontos, vírgulas e a própria gramática, foi uma das coisas mais belas que já tinha lido.
A essência daquela realidade, vinda de mãos tão calejadas pelo trabalho, e o sonho de um senhor apaixonado pela literatura o levaram a produzir, à sua maneira, algo que não precisava mudar uma só reticência. Tinha uma beleza digna dos seres raros que povoam esta terra com a humildade nas mãos que carregam um histórico pesado de uma vida difícil e um coração grandioso.
O relato me provocou emoção e profundo encantamento, pois compartilho da mesma opinião dele. E é por isso que eu amo a literatura! Existem grandes escritores tentando sobreviver às esquinas da dificuldade.
O saudoso Ariano Suassuna percebeu a grandiosidade e a qualidade literária principalmente nos lugares e nas pessoas mais ligados à simplicidade e à aridez da vida.
A palavra é como a flor do cacto...
a sua beleza está em sua sobrevivência,
desabrochando de realidades tão áridas.
Até breve!