A Raridade de um Escritor do Recanto dos Letras

Como identificar um escritor raro no Recanto das Letras? Essa plataforma reúne uma diversidade de autores: verdadeiros talentos, diletantes, mestres da síntese, poetas, cronistas brilhantes e também aqueles que a usam como rede social, comentando, interagindo e emitindo opiniões sobre política ou outros assuntos. Aqui, encontramos pessoas de variados níveis culturais e formações, refletindo um microcosmo da riqueza cultural brasileira. O que realmente importa, no entanto, é escrever. Seja por hobby, prazer ou necessidade vital — como quem escreve para respirar —, o objetivo do site é dar espaço às letras que pertencem a cada autor.

A pessoa a quem dediquei esta página, os textos que eu mais lia e relia dela, e os que mais me encantavam eram justamente os mais simples, aqueles que falavam de sentimentos, e não os pensamentos mais rebuscados de sua fase não anônima. O importante é se expressar, seja de que forma for, e colocar para fora o que está sentindo. Mas, entre esses tantos autores, há os raros, os extemporâneos, os que transcendem categorias e épocas. E como reconhecê-los?

 

O Que Torna Algo Raro?

 

Raridade é a qualidade do que é incomum, singular ou difícil de encontrar. Ela pode estar relacionada à escassez, como no caso de materiais valiosos, ou à exclusividade, quando algo é único ou excepcional em sua essência. A raridade também carrega um valor simbólico ou emocional: certos momentos ou pessoas se destacam pela singularidade com que marcam nossa percepção.

 

“As estrelas do céu são os diamantes dos pobres. Os ricos, constrangidos, guardam seus diamantes em cofres”.

 

Diferentemente dos ricos, que guardam seus diamantes em cofres, as estrelas estão disponíveis para todos. Elas são belas, mas acessíveis. Já os diamantes, além da beleza, possuem valor pela sua raridade. Em uma sociedade capitalista e consumista, é a escassez que eleva o valor das coisas.

 

No passado, o sal era precioso porque era difícil de obter, usado como moeda de troca e origem da palavra “salário”. No entanto, quando algo antes raro se torna acessível, seu valor diminui, como aconteceu com o sal. Hoje, é o ouro — escasso e incomum — que simboliza valor e raridade. A qualidade do que é raro é justamente sua singularidade, aquilo que brilha em meio ao banal. No livro O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse, há um clube exclusivo onde só os “raros” têm permissão para entrar. E no Recanto, como encontrar esses raros?

 

O Método Para Descobrir os Raros

 

Um exercício interessante é passar um dia inteiro navegando pela home do Recanto, abrindo aleatoriamente entre seis e sete textos. Se, por sorte, você topar com um autor incomum, um raro, você perceberá de imediato. Como disse Nietzsche, o que tem valor não precisa de demonstração. Você notará desde a descrição do perfil, a escolha da foto ilustrativa, os temas abordados, a qualidade textual, as fontes escolhidas, até a identidade visual do autor. Há uma preocupação estética que vai além do texto.

 

A Importância da Estética

 

Na minha experiência como empresário, o sucesso de uma empresa está muito mais relacionado à identidade visual e à experiência do cliente do que ao produto ou serviço em si. Gilles Lipovetsky, em A Estetização do Mundo, fala sobre o “capitalismo artista”, no qual a marca, a estilização e a estética do produto influenciam a percepção do consumidor tanto quanto a funcionalidade. Pense no design de produtos da Apple ou na experiência de abrir uma caixa de fones Beats — tudo isso compõe uma experiência estética que enriquece a percepção final. Quem quiser ver minha preocupação estética com a marca que criei, basta observar a primeira versão beta do cartão de visita, com a identidade visual da empresa e a marca, incluído neste texto: O Roubo que Mudou Minha Vida: https://www.recantodasletras.com.br/cronicas-sociais/8233882 É uma pena que eu não tenha encontrado a versão mais refinada, apenas este modelo antigo, mas já dá para ter uma ideia.

 

Essa mesma lógica se aplica aos indivíduos na sociedade atual. Assim como marcas, as pessoas possuem suas “identidades visuais” — a maneira como são percebidas pelos outros. O modo de se vestir, a escolha de acessórios, a postura — tudo isso transmite mensagens ao mundo. Embora os estereótipos possam enganar, também facilitam nossa convivência, dando pistas do que esperar de alguém. No entanto, é importante lembrar que a aparência pode ocultar a essência: alguém com a estética de um intelectual pode esconder ignorância por trás dos óculos, enquanto um mendigo, como Sócrates ou os filósofos cínicos, pode carregar uma sabedoria incomum.

 

Os Raros no Recanto

 

Voltando ao Recanto, como um reflexo da sociedade, ele também esconde seus raros — indivíduos singulares, de talento excepcional ou simplesmente difíceis de encontrar. Para identificá-los, sugiro o método: navegue sem destino certo, leia textos ao acaso e, eventualmente, você encontrará uma “pepita de ouro” brilhando em meio à multidão amorfa. Reconhecer um raro não requer esforço: eles se destacam por si mesmos, com sua singularidade que ilumina o escuro.

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 27/01/2025
Reeditado em 27/01/2025
Código do texto: T8250755
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