A família

R. Santana

 

     É lugar comum dizer que a família é a célula mater da sociedade, é necessário que se diga sempre, porque a família é o sentimento de amor maior do homem. O homem que se desembaraça da família, perderá o equilíbrio psicoemocional e condenará sua história. Não lhe adiantará nenhuma riqueza ou sucesso profissional, se ele não tem o agasalho dos pais, a compreensão do cônjuge e o aconchego dos filhos.

     Para o filósofo Jean-Jacques Rousseau, o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, outros, acreditam que o homem nasce com potenciais instintos e razão e a sociedade lhe dá humanidade. Porém, quantos indivíduos maus existem que a educação e a instrução não conseguem aprimorar? Inúmeros! Esses indivíduos que nascem com a maldade congênita, jamais serão socializados plenamente, sempre viverão à margem da sociedade.

     A família, além de suporte afetivo, propicia princípios religiosos, morais e intelectuais aos seus membros. Hoje, as políticas públicas de todas esferas de governo, elas são voltadas mais para educação, saúde e bem-estar social. Os recém nascidos são protegidos por creches e os pré-adolescentes, os adolescentes e os jovens adultos são amparados por um sistema educacional que abrange o ensino fundamental, o médio, o ensino técnico profissionalizante e o superior em todos os rincões do país, ou seja, não existe desculpa pra o indivíduo não adquirir conhecimento.

     Hoje, com a modernidade e a banalização dos costumes, muitos casais protelam à chegada de filhos ou renunciam à sagrada função de ser mãe e pai biológicos. Porém, no seu poema “Enjoadinho”, o poeta Vinícius de Moraes questiona: “Filhos, filhos? / Melhor não tê-los! / Mas se não os temos / Como sabê-los? / Noites de insônia / Cãs prematuras / Prantos convulsos / Meu Deus, salva-o! / Filhos são o demo / Melhor não tê-los / Mas se não temos / Como sabe-los?”, ou seja, os filhos são necessários, são as bênçãos de Deus, o casal sem filho sujeita-se encerrar sua história, sua descendência, além de uma vida infrutífera e vazia.

     É lamentável que alguém complete uma família, com cachorro, gato, etc. Tê-los podem preencher um vazio afetivo, mas os animais não substituem o filho, mesmo adotivo. O mais racional é a coexistência de animais e gente.

     Hoje, há vários tipos de família, no entanto, aqui se discute a família tradicional, aquela deixada por Deus: “Crescei e multiplicai-vos”, Gênesis 1:28, com as instruções: “enchei e dominai a terra”. E, completa: Deus os abençoou e lhes disse: “Frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra”. Essas outras famílias não têm a função biológica de fecundação e reprodução, elas são as "famílias" sociais, família sócio-afetiva.

     A família não se resume ao núcleo (pai, mãe e irmãos), também, a família extensiva: avôs, avós, tios, sobrinhos, primos e, os parentes por afinidade, a exemplo de noras, cunhados, genros, etc.

     A família se caracteriza pela solidariedade, generosidade, empatia e amor entre seus membros, quando alguém da família é acometido de algo funesto, todos sentem a dor do outro. Uma mãe é capaz de dar a vida pelo seu filho. Por mais que o filho tenha defeito, má conduta, sempre é suavizada e justificada pelos pais.

     A família é uma instituição milenar, tão velha quanto o mundo. A Bíblia em Gênesis fala da primeira família: Eva, Adão e os filhos Caim e Abel. Infelizmente, o primeiro fratricídio da história da humanidade, Caim matou seu irmão Abel, assim, a história registra a primeira família e o primeiro crime.

     Por outro lado, a Sagrada Família nos ensina o amor, a compaixão e a fé. Em Efésios, Capítulo 6, Versículos 1-4, lê-se: “Filhos, obedeçam aos seus pais no Senhor, pois isso é justo”. A Sagrada Família é por natureza santa, pois todos os seus integrantes possuem santidade confirmada pela Igreja Católica e pela fé cristã. Maria escolhida, concebeu virgem, seu filho Jesus Cristo, e, José, varão corajoso e justo. Maria, até os dias atuais, ela se apresenta ao mundo sob várias facetas divinas, operando milagres pela fé de seus crentes.

     Não obstante existir a família desajustada, desunida, que não se encontra, incompreensiva, mesmo assim, é uma instituição que não se substitui porque sua natureza é santa e pecadora, não é somente, a menor unidade estruturada da sociedade, a célula mater, fora dela, não haverá momentos felizes nem paz existencial.

     Enfim, invocando o adágio popular: "Uma mãe é para 100 filhos e muitas vezes 100 filhos não são para uma mãe", portanto, nada no mundo substitui o pai e a mãe, filho!... 

 

Autoria: Rilvan Batista de Santana

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Membro da Academia de Letras de Itabuna – ALITA

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