Somos Apenas um Número a Mais no Ambiente de Trabalho
No campo de batalha que é o ambiente de trabalho, somos apenas números em uma planilha que pouco importam além de suas funções. Não importa o quanto nos dediquemos, o quanto nos esforcemos para não faltar, para cumprir com perfeição cada tarefa. No final, somos cobrados e maltratados, como se nossa humanidade fosse um detalhe irrelevante no moer dos esforços a gerar capital para mãos alheias.
Falo diante de muitas experiências vividas, de quem já esteve em instituições públicas e privadas. Em alguns lugares, mesmo sem tirar um único atestado médico ao longo do ano, precisei conversar demoradamente por um direito básico quando uma cirurgia se fez necessária. Era como pedir um favor ao patrão, quando, na verdade, era um direito meu.
Em outro local, sofri perseguições políticas. Mesmo agindo com ética, minhas opiniões incomodavam. Lembro de um trabalhador em Recife, que morreu no supermercado onde trabalhava. Seu corpo foi coberto com um guarda-sol, e o local continuou funcionando, como se a morte fosse um evento trivial. Como afirmo, somos apenas um número a mais no ambiente de trabalho.
Recentemente, no trabalho, exigi que meus direitos fossem cumpridos. Afinal, somos cobrados incessantemente, e devemos exigir nossos direitos. Melhor quando eles são exigidos de forma coletiva, organizados, pressionando para serem consolidados.
A minha sugestão é clara: nos afazeres, dentro do local de trabalho, façamos o necessário, mas não o extra. Nos finais de semana e feriados, desligar totalmente desse ambiente é fundamental. Cultivemos passatempos, passemos tempo com a família, viajemos nas férias, usufruímos de todos os direitos que temos, nada de serviço extra sem o devido reconhecimento. Lá façamos o necessário com perfeição, mas não, além disso. No final, o esforço a mais não será reconhecido.
Devemos nos proteger da síndrome de burnout, do sobrecarregamento mental. No final das contas, podemos ser demitidos ou ter o salário reduzido. Somos sempre apenas um número a mais no ambiente de trabalho. Na busca incessante pela produtividade, de se preocupar excessivamente com o trabalho, as pessoas esquecem a sacralidade, a importância do repouso, a urgência de desligar a mente das obrigações. Descansar, valorizar o tempo com a família, desfrutar do lar – atos fundamentais para a humanização e realização de qualquer humano. Nada de se render a tirania da eficiência. Pois é na quietude do ser, e não no fazer, que se encontra ao melhor de nós, o qual está intocado pelas engrenagens da mecanização.
21.11.2024