A Internet Como Ferramenta de Manipulação Política por Parte da Direita
Após as eleições municipais brasileiras se percebe mais uma vez o fortalecimento da direita no país. O que faz a classe trabalhadora votar e se identificar com políticas que retiram seus direitos? Uma boa ferramenta para manter essa dominação está nas redes sociais. A internet tem sido uma ferramenta crucial para fascistas e neoliberais na disseminação de suas ideias e na construção de sua hegemonia cultural. Via plataformas digitais, eles conseguem alcançar um público vasto e diversificado, utilizando várias estratégias.
No conflito de classes, entre ricos e pobres, patrões e trabalhadores, os grupos sociais buscam a hegemonia cultural, sendo a capacidade de uma classe de liderar e influenciar outras classes, não apenas pela força, mas através do consenso e da persuasão cultural. A direita tem utilizado essa abordagem para estabelecer sua dominação no campo das ideias, promovendo valores e narrativas que ressoam com amplos segmentos da população. Isso é feito por meio de diversos meios, incluindo a mídia, redes sociais, think tanks e instituições educacionais.
A extrema-direita tem se mostrado eficaz em utilizar a mídia e as redes sociais para disseminar suas ideias. Por meio de campanhas bem orquestradas, fake news e a criação de bolhas ideológicas, conseguem moldar a percepção pública e reforçar preconceitos. Observamos isso na demonização dos movimentos sociais de esquerda nos últimos anos, a associação do comunismo a criminalidade, o apagamento das desigualdades sociais no capitalismo, a associação a ditadura e altos impostos ao socialismo, etc.
Grupos políticos investem em think tanks (organizações sociais de interesses políticos) e disseminam conhecimento alinhado com seus interesses. Eles ajudam a legitimar e popularizar as ideias neoliberais, tornando-as mais aceitáveis para o público. Um claro exemplo disso foi o papel que o MBL teve desempenho importante em desestabilizar o governo Dilma em sua demonização do governo petista perante a classe média - o que alavancou sua deposição do poder.
Nos últimos anos a política da direita foi impulsionada por redes de organizações liberais, os quais conquistaram corações e mentes em visões anti esquerdistas. Esse movimento sustentou o ultraliberalismo econômico e as pautas conservadoras que propiciaram a vitória de Bolsonaro na eleição de 2018. E hoje continua presente no seio de um expressivo setor da sociedade brasileira.
A direita também se apropria de narrativas populares e preocupações legítimas dos trabalhadores, como a insegurança econômica e a perda de identidade cultural, para promover suas agendas. Ao enfatizar valores religiosos contra pautas como aborto e visibilidade LGBTQ, consegue atrair o apoio de segmentos da classe trabalhadora que se sentem desamparados pelas falas de setores da esquerda, as quais, muitas vezes, focam mais nesses temas identitários ao invés de abordar as necessidades mais urgentes como salário e emprego.
Utilizam redes sociais como Facebook, Instagram e Telegram para espalhar suas mensagens. Os algoritmos dessas plataformas frequentemente amplificam conteúdos polarizadores e sensacionalistas, ajudando a direita a alcançar um público maior e mais engajado.
A disseminação de fake news é uma tática comum. Notícias falsas são usadas para criar desconfiança coletiva e para reforçar narrativas que favorecem a direita. Essas notícias são frequentemente compartilhadas em massa, criando bolhas de desinformação. Terraplanismo, negação de mudanças climáticas, defesa do uso de agrotóxicos são mentiras tornadas verdades através dessa tática. Fóruns anônimos e comunidades online são utilizados para radicalizar indivíduos e coordenar campanhas de desinformação.
Enfim, a conquista dos trabalhadores pela direita pode ser entendida como um processo de construção de consenso através da hegemonia cultural. Ao abordar questões que afetam diretamente a vida dos trabalhadores e oferecer soluções simplistas e diretas, esse grupo político consegue se posicionar como a verdadeira defensora dos interesses populares. Além disso, a retórica anti-elite e antiestablishment ressoa fortemente com trabalhadores que se sentem marginalizados pelo sistema político e econômico vigente.
08.11.2024