Há quanto tempo você não põe a mão no paciente?
Fazer 50 anos muda algumas de suas rotinas. Visitas ao médico por exemplo. Você passa inclusive a descobrir que existem especialidades e exames que você nunca sonhou. E o nível de informações e dados que o seu corpo é capaz de produzir é assustador.
Mais assustador ainda é imaginar que apesar de tudo estar aparentemente funcionando bem muitos cuidados deixam de ser importantes. Passam a ser fundamentais.
E são os exames e os dados produzidos pelo seu corpo que te encaminham para estas reflexões?
Sim, ajudam muito. Mas não é tudo!
É indiscutível que uma boa fonte de dados é fundamentável para qualquer análise. O perigo é confiar cegamente nos dados apresentados. O perigo é acreditar que os dados, as análises estatísticas, as correlações, as curvas de tendências têm todas as respostas. O perigo é se entregar à miopia que algumas informações podem causar.
Principalmente em tempos de acesso tão rápido e fácil as informações. Nosso cérebro tem uma capacidade colossal de processar informações, gerar tendências, estabelecer curvas e criar padrões. Faz parte de nosso processo de sobrevivência e autopreservação. Convido você a ler “Fact Fullnes – Hans Rosling” e “Rápido e Devagar – Duas formas de pensar – Daniel Kahneman (Think Fast and Slow)” e conhecer um pouco mais destas “armadilhas” nas quais poderemos cair se não tivermos o conhecimento global, e não apenas dos dados, como a base de nossas decisões.
E como fazer isto? Vamos voltar ao médico.
Nestas visitas fui presenteado com o apoio de excelentes profissionais. Não daqueles que decodificam todos os exames que você leva, e enquanto fazem isto não olham para você, e rapidamente chegam a conclusões, prescrevendo “remédios” para seus problemas. Não daqueles, apesar de toda sua experiência e certamente conhecerem muitos dos “atalhos do campo”, que tem pressa em chegar a conclusões. Meus médicos não desprezaram uma boa conversa, médicos que fizeram questão do exame clínico, MÉDICOS QUE POEM A MÃO NO PACIENTE.
E você meu caro? A quanto tempo você não põe a mão no paciente?
Ha quanto tempo confia em seus KPI´s como principal fonte de decisões? Ha quanto tempo os app´s e mídias sociais são sua principal fonte de informação (senão única)? Ha quanto tempo dados estatísticos, tendências, correlações, curvas, apps, mídias sociais, etc, tomam mais tempo em seu dia do que o contato pessoal com seus colaboradores, clientes, fornecedores, amigos e família?
E o pior. Olha todos os dados e informações e sente-se absolutamente seguro para indicar o “remédio” para o problema apresentado.
Como seu corpo, tudo pode estar aparentemente bem, mesmo a maior parte dos dados e dos indicadores, mas cuidados e exames clínicos são imprescindíveis. Seu médico sabe disso. Você também deveria saber e utilizar o mesmo conceito em todas as suas relações.
Fica outra referência, desta vez do cinema.
Você pode falar do cheiro da Capela Sistina?